Primeiro samba de Thaíde quer esclarecer confusão com pagodeiro
Rapper costuma ser confundido com Xande de Pilares. Acompanhamos a gravação do clipe previsto para o final de fevereiro
Música fará parte do novo disco de Thaíde, Corpo Fechado, com lançamento previsto para abril. Videoclipe tem participações especiais de Dexter e outras figuras do rap e do samba. Rimador promete novos pagodes.
E não é que eles se parecem mesmo? Sobretudo pelo corte de cabelo, óculos-escuros e sorrisão aberto, Thaíde e Xande de Pilares são parecidos. E confundidos. “Já aconteceu em aeroporto, na televisão onde eu trabalho, acontece até onde eu moro”, conta Thaíde.
“Eu nunca fui confundido com o Thaíde, mas teve um momento que eu fiz uma trança e achei que era ele”, brinca Xande de Pilares na gravação da sua parte no clipe do samba O Meu Nome não é Xande.
A música narra situações engraçadas em que o rapper foi confundido com o pagodeiro. Ouvindo a música, sequer lembramos que Thaíde canta rap: estamos curtindo um autêntico sambista, de letra e levada.
Thaíde não conhecia Xande de Pilares pessoalmente. Trocaram mensagens pela internet, o rapper mostrou a música, o sambista gostou. “A música foi feita por pessoas que vivem o samba”, alerta. Os sambistas foram reunidos por Dexter.
Gravação do videoclipe
A parte principal do clipe de O Meu Nome não é Xande foi gravada em um espaço cultural de São Paulo. Em meio a incontáveis metros de fio e equipamentos de filmagem, a noite foi uma animada roda de samba, que juntou gente.
Compareceram Dexter, sambistas, rimadores e aquelas centenas de pessoas que certamente são do rolê, mas sequer imaginamos de onde vieram. Pretas e pretos predominam e tranças afro desfilam em diversos modelos.
A roda leva com entusiasmo uma hora e meia de clássicos como Martinho da Vila, antes de Thaíde gravar duas vezes o seu samba – a repetição se dá porque a captação das imagens está sendo feito somente com uma câmera. Vai pensando que está fácil...
Duas conclusões possíveis, depois de duas horas de pagode comendo solto: o samba de Thaíde tem enorme potencial de cair na boca do povo; Thaíde tem tudo para ser sambista, embora nem seu biógrafo, o jornalista Gilberto Yoshinaga, soubesse da composição.
Virão mais sambas por aí?
Na entrevista exclusiva que concedeu ao Visão do Corre, antes da gravação, Thaíde disse que “provavelmente” fará outros sambas. O primeiro entra no seu próximo disco, Corpo Fechado, a ser lançado em abril.
Meu Nome não é Xande, música e clipe, saem até o final de fevereiro. Terá outras misturas: uma música romântica com Fat Family; um rap-embolada com Caju e Castanha (o segundo de Thaíde); uma base de berimbau de MV Bill.
“Faltou um reggae, dance hall, que não deu tempo de fazer, e um hardcore: fazer essa mistura de rap com rock dá muito certo”, lista Thaíde.
Parece engraçado, mas é um preste atenção
Deixei a pergunta delicada, mas inevitável, para o final, em respeito ao mestre e ao astral levíssimo da gravação: além de engraçada, a confusão com Xande de Pilares não é racista?
“Para muita gente, preto é tudo igual. Só eles são diferentes, ironicamente falando. Nós somos milhares, e somos diferentes. É só prestar a atenção”.
Sem querer, pronuncia o nome quase exato de seu disco histórico, Preste Atenção, gravado com DJ Hum. Então lembramos que Thaíde continua sendo rapper.