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Recife ganha dois grafites com mais de 600 metros quadrados

Eles estão no Boa Vista, bairro histórico da capital. Homenagem ao pífano tem 363 metros quadrados; ao hip hop, 275.

15 jul 2024 - 11h00
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Resumo
Megamural Ritmo e Poesia é o primeiro realizado exclusivamente por mulheres grafiteiras, as PixeGirls, que este ano celebram uma década de existência. A obra homenageia a rapper Bione. O grafite Raiar do Pife, do artista Max Motta, celebra o pífano, instrumento de sopro que simboliza a resistência e a riqueza da cultura popular nordestina – também comemora a inclusão do Recife na Rede de Cidades Criativas da UNESCO, na categoria música.
Edifício Garagem Central, no bairro Boa Vista, em Recife. Grafite intitulado Raiar do Pife foi pintado por Max Motta.
Edifício Garagem Central, no bairro Boa Vista, em Recife. Grafite intitulado Raiar do Pife foi pintado por Max Motta.
Foto: Dondinho

O centro do Recife ganhou dois murais gigantes homenageando a cultura hip hop e o pífano, ou pife, instrumento musical emblemático presente em ritmos como frevo, forró e baião. Juntos, os dois grafites somam exatamente 638 metros quadrados.

O maior está na fachada do Edifício Garagem Central, na Rua da União, no bairro Boa Vista. Intitulado Raiar do Pife, tem 363 metros quadrados. A obra do artista Max Motta celebra o pífano, instrumento de sopro que simboliza a resistência e riqueza da cultura popular nordestina.

Do outro lado do mesmo Edifício Garagem Central, na Rua da Saudade, uma das mais antigas e emblemáticas do Recife, foi inaugurado o grafite Ritmo e Poesia, com 275 metros quadrados. É o primeiro megamural realizado exclusivamente por grafiteiras, a crew PixeGirls, com uma década de existência.

Grafite Ritmo e Poesia homenageia a rapper Bione e, através dela, o movimento hip hop de Pernambuco.
Grafite Ritmo e Poesia homenageia a rapper Bione e, através dela, o movimento hip hop de Pernambuco.
Foto: Raquel Suspira

Enquanto o grafite do pífano homenageia manifestação cultural tradicional, o do hip hop presta homenagem especial à rapper Bione, que canta suas vivências como mulher negra, periférica e LGBTQIAPN+.

Para a juventude se ver no topo

Segundo a grafiteira Tab, que, junto com Bubu, criou a arte grafitada, a ideia surgiu do desejo de homenagear uma pessoa em vida que representasse o rap no Recife. “Achamos que Bione seria a pessoa ideal para fazer com que os olhares fossem voltados para esse lugar”.

“Estamos celebrando dez anos de crew e toda a nossa trajetória, resistência e luta ao longo dessa década se combina com as letras dela e com o que ela traz em suas músicas”, explica.

 “A arte de rua tem o poder de comunicar, contar histórias e resgatar memórias", diz o artista Max Max Motta
“A arte de rua tem o poder de comunicar, contar histórias e resgatar memórias", diz o artista Max Max Motta
Foto: Dondinho

Recentemente, as integrantes da PixeGirls foram homenageadas durante uma reunião solene na Câmara Municipal do Recife, que celebrou os 50 anos do surgimento do Movimento Hip Hop. "Esse megamural é mais um cartão postal pra cidade e a gente quer que a juventude possa olhar pra ele e se ver no topo", afirmam elas.

Grafite com a cara do povo

Max Motta pintou o megamural sem o auxílio de um projetor, como é comum. Utilizou um quadriculado de letras e símbolos para guiar o início da pintura. "O meu trabalho busca refletir a identidade nacional, especialmente através da representação de corpos negros e pessoas comuns”, define o artista.

Rapper Bione é retratada como extraterrestre: reflexão sobre a inclusão das múltiplas identidades e formas de existência
Rapper Bione é retratada como extraterrestre: reflexão sobre a inclusão das múltiplas identidades e formas de existência
Foto: Raquel Suspira

“A gente sabe que as técnicas de pintura clássicas foram desenvolvidas na Europa e os exemplos dos corpos pintados ali também seguiram essa tendência. Como o lema do meu trabalho é ‘a cara do Brasil', eu quis trazer o verdadeiro corpo nordestino, a cara de Pernambuco”, afirma Max.

O mural retrata uma mulher negra tocando pífano, vestida com trajes juninos e um chapéu de couro típico do sertão nordestino.

Fonte: Visão do Corre
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