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Roda de jongo mantém ancestralidade nas periferias do Rio

Manifestação cultural transmitida ao longo de gerações resgata costumes afro-brasileiros em diversos pontos da cidade do Rio de Janeiro

17 mar 2022 - 05h00
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Foto: Danilo Ferreira

Conhecido também como Caxambu, o Jongo teve origem na região do Congo e Angola, na África. Foi trazido pelo povo Bantu e se fez presente no Brasil colônia entre os negros que trabalhavam nos cafezais e nas plantações de cana-de-açúcar, localizadas no Vale do Rio Paraíba, região entre o Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais.

A união entre os toques dos tambores, o bater das palmas, a dança e os cânticos transformavam as rodas de jongo que aconteciam nas senzalas em uma ferramenta para amenizar o sofrimento dos negros com a escravização.

Os escravizados acendiam uma fogueira e formavam uma roda em torno dela. O mais idoso se benzia nos tambores e pedia licença aos pretos velhos para iniciar o jongo. Após esse ritual, era permitido que um casal por vez entrasse na roda para dançar.

Os tambores denominados Caxambu, Tambu, e Candongueiro representavam os mais velhos e a ancestralidade. Em respeito a eles, era obrigatório pedir licença ao entrar na roda. 

Além da interação, o jongo era uma forma de comunicação entre os negros. Os cantos, que eram versos improvisados, eram construídos em uma dinâmica de perguntas e respostas e transmitiam mensagens codificadas para que os senhores de engenho não as entendessem. Eram através dos pontos de jongo que os negros zombavam dos senhores de engenho, protestavam contra a escravização e combinavam fugas para os quilombos.

Foto: André Luiz Gonçalves

Com o passar do tempo, a prática do jongo adquiriu novo sentido com conotações mais sócio-culturais e mais politizadas em torno de um movimento de valorização da cultura negra. Hoje, as regiões que ainda mantêm a tradição jongueira tem suas particularidades na forma de cantar, dançar e tocar.

Na cidade do Rio de Janeiro, existem alguns movimentos culturais que promovem rodas abertas ao público. São eles: Jongo da Lapa, Jongo da Serrinha, Companhia de Aruanda, Afrolaje, Dandalua, Quilombismo, entre outros.

Já em Niterói, a roda mais famosa é a Folha de Amendoeira. Em Piraí temos o Jongo de Arroizal, em Volta Redonda, o Jongo di Volta, no Vale do Paraíba, o Jongo de Pinheiral, em Campinas, o Jongo Dito Ribeiro, em Piquete, o Jongo de Piquete, e em Guaratinguetá, o Jongo de Tamandaré.

Boa parte dessas atividades estão suspensas por conta da pandemia, mas para quem ainda não conhece, vale a pena prestigiar e aprender mais sobre.

ANF
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