Surreal: Pioneira do grafite em SP fala sobre a sua história
Lançamento de documentário sobre a trajetória da artista Nene Surreal ocorreu no último sábado (11), no Jardim São Luís, extremo sul de SP
Mulher negra, periférica, mãe, artista plástica e visual, artesã, educadora social, escultura, pintora, avó, lésbica e grafiteira. Essas são algumas formas de se referir a Nene Surreal, representante do grafitti de São Paulo desde os anos 90.
Cria de Diadema, um dos berços da cultura hip hop, sua fonte de inspiração são as mulheres que sofrem apagamento. É para e por elas, que Nene começou a ocupar as ruas como representante do grafite nos anos 90.
Nos mais de 25 anos de carreira, também levou sua arte para espaços culturais de todo o Brasil, como Centro Cultural Branco do Brasil, Casa do Hip Hop, Festival Arte Negra (BH), entre outros; e internacionais, como o Festival Queer Wien Woch em Viena.
Em 2016, venceu o Prêmio Sabotage, em 2018 foi homenageada pela ONG Ação Educativa, no Dia do Graffiti e em 2021, a Pinacoteca Municipal de Mauá adquiriu uma instalação composta por 5 esculturas da artista em seu acervo permanente.
Essa trajetória agorá está sendo eternizada no documentário “Surreal”, idealizado por Ketty Valencio e produzido pela Oxalá Produções, com lançamento gratuito e aberto ao público.
“O filme acompanha o movimento da NeneSurreal, mergulhando em seu cotidiano e em sua arte única e marcante. NeneSurreal se desloca da periferia para o centro, de São Paulo para Viena, da superação de suas dores pessoais para a luta coletiva, da arte para o empreendedorismo, do embate aos afetos; e inspira mulheres e jovens a resistir e realizar seus próprios sonhos”, conta Ketty.
No último sábado (11), a produção foi exibida na Fábrica de Cultura Jardim São Luís, no extremo sul da capital. O evento também marcou o lançamento de uma empena gigante feita em parceria com Negana, AZ Brasil, Isa Brisa e Mara Mbhali. O desenho apresentado, tem sete pessoas pretas em uma roda em torno de uma cabaça, que entre tantos significados, aqui o conhecimento, a troca de saberes, a escuta, o momento no qual pessoas pretas repassam segredos e buscam conhecimento.
Tanto o documentário, quanto a empena e os eventos de lançamento fazem parte de um projeto multidisciplinar contemplado na II edição do Edital de apoio à cultura Negra realizado pela Secretaria de Cultura de São Paulo.