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Teodoro Freire: o homem que tornou o bumba-meu-boi uma tradição em Brasília

O bumba-meu-boi criado por Teodoro Freire, natural do Maranhão, foi reconhecido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) como Patrimônio Imaterial do Brasil

31 jan 2022 - 16h58
(atualizado em 1/2/2022 às 12h23)
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A imagem mostra o Senhor Teodoro Freire, criador do boi mais tradicional de Brasília
A imagem mostra o Senhor Teodoro Freire, criador do boi mais tradicional de Brasília
Foto: Arquivo Pessoal / Alma Preta

Vindo do Maranhão para o Planalto Central, Teodoro Freire fundou, em 1962, o bumba-meu-boi mais tradicional de Brasília. O boi é uma das manifestações culturais nordestinas que melhor se adaptou ao Distrito Federal graças aos esforços de Seu Teodoro. Ele encabeçou as brincadeiras até a sua morte, em 2012, quando tinha 91 anos.

Mestre Teodoro, trouxe com ele o folclore e a arte popular típicos da sua região. Nascido na cidade interiorana de São Vicente de Férrer (MA), teve o primeiro contato com a tradição nordestina ainda na infância. A necessidade de mudar de vida o fez viajar para São Luis e depois, em 1953, para o Rio de Janeiro.

"Não tinha uma cultura nordestina lá na então capital, que era o Rio. Então, para matar a saudade, sentir-se pertencente, ele e os amigos criaram um boi", disse Guarapiranga Freire, filho caçula do mestre Teodoro.

Ele conta que, no primeiro aniversário de Brasília, no ano de 1961, o bumba-meu-boi foi convidado a mostrar a sua arte na Rodoviária do Plano Piloto. Após essa apresentação, um convite de um deputado federal fez o Seu Teodoro sair do Rio e passar a morar em Brasília, trabalhando na Universidade de Brasília (UnB).

Em 1963, criou o Centro de Tradições Populares, em Sobradinho, a 20 km do centro da Capital, para difundir as festas e as danças do folclore nordestino. O bumba-meu-boi criado por Teodoro Freire foi reconhecido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) como Patrimônio Imaterial do Brasil.

A família costuma dizer que Seu Teodoro tinha três paixões na vida: o bumba-meu-boi, o Flamengo e a Mangueira. Neste mês de janeiro completam-se 10 anos do falecimento do mestre. Guarapiranga e sua mãe, Maria José, são os responsáveis por manter as tradições vivas no Planalto Central.

"Para nós é um privilégio muito grande manter viva essa cultura. A gente está aí, desde o regime militar, resistindo, apoiando a cultura", afirma Guará.

De acordo com ele, manter um grupo cultural é difícil, mas independentemente de se ter recurso financeiro ou não, eles continuam brincando e fazendo o que se escolheu como cultura e modo de vida. "A gente sobrevive com editais de fomento, com nossa determinação,

História do bumba-meu boi

Na história do bumba-meu-boi acontece uma espécie de auto que encena o rapto, a morte e a ressurreição do boi. A festa do bumba-meu-boi é uma tradição que se mantém desde o século XVIII, e já foi alvo de perseguições da polícia e das elites por ser uma festa mantida pela população negra, chegando a ser proibida entre 1861 e 1868.

Segundo a lenda, em um uma fazenda de gado, Pai Francisco mata o boi de estimação de seu senhor para satisfazer o desejo de sua esposa grávida, Mãe Catirina, que quer comer língua. Quando descobre que o animal sumiu, o fazendeiro fica furioso e vai investigar entre seus empregados quem matou sou boi preferido.

Quando o fazendeiro descobre o autor do crime, ele obriga o Pai Francisco a trazer o bicho de volta. Então, pajés e curandeiros são chamados por Francisco em uma saga para ressuscitar o boi. Quando o animal ressuscita, há uma grande festa.

Alma Preta
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