Precarização do trabalho impacta a saúde mental; saiba como
No Simplão no Corre, Roberta Camargo fala sobre burnout e outros problemas causados pela falta de respeito aos limites do trabalho
Quando eu era mais nova, lembro que uma amiga da minha mãe ficou afastada do trabalho por problemas que foram gerados pelo próprio. Na hora de receber essa explicação, minha cabeça de criança deu um nó: como alguém pode adoecer no trabalho, sendo que isso é algo tão importante e transformador na vida do ser humano? Como diria Gonzaguinha, em questões delicadas como essa, eu preferia ter ficado com a pureza da resposta de uma criança.
O que a amiga da minha mãe teve a anos atrás hoje tem nome e é uma síndrome relacionada ao trabalho reconhecida pela OMS (Organização Mundial da Saúde): burnout. Este é mais um dos transtornos que acontecem por consequência do desrespeito aos limites e da precarização no exercício de diversas profissões. Segundo dados da Fiocruz, durante o período de pandemia, mais de 47% dos trabalhadores essenciais - os que precisavam estar em seus postos de trabalho independente dos riscos que isso oferecia - tiveram sintomas de depressão e ansiedade.
Mas já que estamos falando sobre trabalhadores essenciais, quero propor uma reflexão aqui para o nosso papo. Nos últimos dois anos, com o crescimento do desemprego, volta do país ao mapa da fome e milhares de incertezas sobre tudo o que vivemos, para muitos, o essencial era trabalhar. Trazer comida para dentro de casa, sabe? Independente do quão precárias as condições de trabalho fossem. E aí, quando o assunto é sobrevivência, quem pode se dar ao luxo e tem tempo para pensar nos impactos disso para a saúde mental? A minha conversa com a psicanalista Ana Carolina Barros da Silva é sobre isso. Bora?
E, na prática, para que o diálogo sobre saúde mental seja sincero, acessível, justo e também possa fazer parte da realidade de cada vez mais pessoas, segue aqui uma lista de espaços que oferecem atendimento gratuito para quem precisa. A começar pelo Mapa Saúde Mental, que lista diversos serviços disponíveis em todo o país; o PsiSocial, com atendimentos no centro-oeste, sul e sudeste e a Casa de Marias, com atendimento voltado para mulheres negras, indígenas e periféricas.