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Tecnologia impulsiona vida de jovem da periferia de Salvador

'O acesso ao conhecimento de tecnologia me deu destaque nas empresas que passei', conta Gustavo Barbosa

29 abr 2022 - 05h00
(atualizado às 15h41)
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Gustavo Barbosa
Gustavo Barbosa
Foto: Arquivo pessoal

A internet é umas das tecnologias mais usadas pelos brasileiros, pois ajuda a desenvolver novos modelos de comunicação, descentraliza a informação, cultura e educação. De acordo com uma pesquisa realizada, em 2020, pelo Comitê Gestor da Internet do Brasil, o país chegou a 152 milhões de usuários - um aumento de 7% em relação a 2019. Com isso, 81% da população com mais de 10 anos têm internet em casa.

Entretanto, um outro dado realizado em 2020, pelo Instituto Locomotiva, revela que o acesso à internet é ruim em 43% das favelas brasileiras.

Os números mostram que mesmo com o crescimento da internet, o acesso a rede é difícil, principalmente nas comunidades periféricas.

Embora a tecnologia esteja mais disponível, o acesso ainda é um problema se tornando um dos maiores desafios para as comunidades.

“Acredito que apesar de estar muito mais disponível hoje a educação voltada para tecnologia, ainda falta muito, temos comunidades com acesso limitado ou de baixa qualidade de luz elétrica, quem dirá internet, principalmente em comunidades. Muitos jovens também precisam dividir seu tempo entre trabalho e estudo tradicional, sobrando pouco ou nenhum tempo para se dedicarem a isso”, afirma, Gustavo Barbosa, 28 anos, morador do bairro do Doron, em Salvador.

Outro desafio, segundo Barbosa, seria a inserção da tecnologia na educação pública, por meio de escolas e centros profissionalizante comunitário.

“Com certeza existem outros diversos desafios, pois as comunidades são plurais, cada uma com a sua dificuldade, e não seria possível criar uma solução única. Mas acredito que inserir a educação voltada para tecnologia na educação pública, através de escolas e de centros profissionalizantes comunitários, despertaria o interesse para o lado profissional da tecnologia, mostrando as pessoas que podem ser utilizados não apenas para o lazer”, garante.

Ele, que é estudante em análise e desenvolvimento de sistemas, conta que a tecnologia é o “veículo” que move o mundo, é a forma que o ser humano criou de se manter evoluindo.

O estudante diz ser um homem trabalhador, correria, sincero, fiel ao que acredita, e é entusiasta de novas ideias. Ele explica que começou a se relacionar com tecnologia cedo, desde criança, pois sempre foi buliçoso e gostava de desmontar os aparelhos dentro de casa para entender como eles funcionavam. “Eu sempre fui autodidata, e depois aprendi mais sobre tecnologia ao entrar na faculdade, além disso busquei conhecimentos no youtube e sites voltados para ensino de programação”, conta.

O estudante revela que tem Transtorno do Déficit de atenção com Hiperatividade ( Tdah)  e isso causou muitos problemas na vida escolar.

“Desde muito novo que era muito inteligente, mas não conseguia me manter focado, sempre estava com a cabeça no ‘mundo da lua’, pensando em caminhos alternativos: aquele que a escola me obrigava a seguir. Obviamente, não era bem visto nem dentro de casa, nem na escola. Tdah não era pauta das famílias dos anos 2000”, lamenta.

O soteropolitano ainda esclarece que na adolescência quando começou a trabalhar sempre procurou formas e alternativas de solucionar problemas e otimizar tempo, em trabalhos braçais, “Eu não conseguia me conformar só com a forma que as coisas eram”, declara.

Contudo, a tecnologia trouxe outra perspectiva para Gustavo Barbosa, pois ele começou a reconhecer tudo a sua volta solucionando muitos dos problemas que possuía.

“A tecnologia tem muito disso, ela é dinâmica, exige que você tenha curiosidade, entendimento de como e o porquê as coisas são feitas, e nos instiga a criar novas formas de fazer essas demandas. A partir do momento que transformei essa minha inquietação em formas práticas de resolução de problemas através da tecnologia, comecei a ter um real reconhecimento nos meios em que eu convivia”, afirma.

Gustavo Barbosa
Gustavo Barbosa
Foto: Adriana Dias

Ele diz que gosta de dividir as muitas coisas que aprendeu durante os empregos para muitas pessoas. “Por todos os trabalhos que passei eu sempre procurei dar um norte no uso de tecnologia para os colegas. Sempre que possível, incentivo a todos que procurem aprender mais sobre tecnologia, e como ela pode ajudar a facilitar sua vida”, diz.

Com o conhecimento sobre tecnologia, Barbosa se destacava nas empresas as quais já trabalhou.

“O acesso ao conhecimento de tecnologia me deu destaque nas empresas que passei, sempre podendo implementar ideias e participar de projetos de melhoria de processos. Saber como utilizar a tecnologia a seu favor te abre infinitos horizontes, te ajudando a superar desafios do dia a dia”, assegura.

E por falar em empresa, o estudante conta que já trabalhou em muitas organizações, de diferentes portes e de diversos ramos, porém sempre foi um resolvedor de problemas. Ele lidava com sistemas complexos, buscava forma de otimizar as rotinas, reduzir o esforço das equipes, porém, após uma conversa com o irmão, a visão dele mudou.

“Um dia conversando com o meu irmão, Ramon, a respeito do meu planejamento profissional para o futuro, ele me ajudou a ver que que não ‘importava as empresas’ que trabalhei, mas sim o que desenvolvia dentro delas. Às vezes eu ficava preocupado com essa situação de ter trabalhado em várias empresas, em ramos diferentes e de acharem que não tinha um foco, coisa que não é verdade, pois havia um padrão nas minhas qualidades profissionais e êxito em implementar o uso de tecnologia em todos os processos que passei”, afirma e completa: “mesmo as empresas dando oportunidade de trabalhar com tecnologia, elas não remuneravam de forma adequada”, enfatiza.

Depois dessa conversa, ele decidiu que iria ampliar as qualidades e se dedicaria a trabalhar diretamente com a tecnologia.

“Decidi que iria investir nessas minhas qualidades e me dedicaria a trabalhar diretamente com isso, aproveitando também que o mercado tecnológico está bastante aquecido em todo o mundo”, fala confiante.

Ele, morador de um bairro periférico de Salvador, ressalta que a tecnologia tem muita importância para os moradores das comunidades e eles podem se beneficiar com isso.

 “A tecnologia vem para democratizar um pouco os acessos, já que os moradores das comunidades já ficam bastantes a margens das oportunidades: do lazer, da educação e de tudo. Portanto, há uma parte da sociedade que deseja manter essa desigualdade, e a tecnologia ela quebra um pouco essa barreira”, garante.

Gustavo Barbosa conta que a tecnologia trouxe mais visibilidade para a comunidade, possibilitando produção de conteúdo através das redes sociais.

“Hoje em dia você faz um vídeo, posta nas redes sociais, os conteúdos, e consegue mostrar seu talento, suas habilidades, conhecimentos e com isso consegue ter um ótimo alcance. A galera abraça, compartilha e divulga”, fala.

 Além disso, continua Barbosa, as redes sociais possibilitam também jogos on-line que permitem competições entre pessoas em locais distantes, todavia ele faz uma ressalva: “ para isso, é claro, deve-se ter maior investimento, um equipamento de maior qualidade, porém, tempo disponível para se dedicar ainda é um abismo enorme”, pontua e completa: “mas o acesso e o uso da tecnologia têm proporcionado a esses jovens e suas comunidades uma possibilidade de ter uma vida mais confortável”.

Quem tiver acesso à tecnologia vai usufruir de muitas possibilidades. “Sem contar nas oportunidades de emprego, o acesso à educação profissional de tecnologia está muito acessível hoje em dia.  Nos dias atuais com acesso à internet e um celular ou um computador velho em casa, você consegue se profissionalizar”, garante.

No aspecto tecnológico, muitos jovens utilizam as redes sociais de várias formas, mas a tecnologia não se limita as plataformas digitais, como diz Gustavo: “hoje a tecnologia está em praticamente tudo no nosso dia a dia, seja nos aplicativos de mobilidade, nas plataformas de educação, no lazer, e por aí vai”.

Gustavo Barbosa
Gustavo Barbosa
Foto: Adriana Dias

Ele faz questão de destacar que qualquer jovem pode criar algum projeto por meio da tecnologia estudando, pois com interesse em aprender e a vontade de desenvolver algo, seja sozinho ou em grupo, existem comunidades bastante inclusivas na área de tecnológica.

 Gustavo Barbosa conta que as comunidades possuem um imenso potencial de criatividade, com poder de adaptação único, de quem tem que inovar todos os dias para sobreviver. Que faz muito mais, com muito menos.

“Esse potencial está sendo visto cada dia mais, já que algumas grandes empresas e startups têm investido nesses jovens, usando o alcance deles como comunicadores das suas marcas, investindo na sua capacitação para trabalhar com inovação e desenvolvimento nos seus bastidores. Porém, ainda é muito tímido em relação ao tamanho do mercado tecnológico. Acredito que quando o Estado e marcas passarem a dar protagonismo de verdade a esses jovens, poderemos sim ter uma transformação social, através da tecnologia. Enquanto isso não acontece, vamos na raça conquistando nosso espaço”, finaliza.

Nutrição nas redes

Conforme um estudo realizado, em 2021, pela Hootsuite em parceria com We Are Social, apontou que 4,7 bilhões de pessoas estão conectadas na internet, sendo que 6 em cada 10 dessas acessam a internet pelo computador, tablet ou smartphone. A população mundial gira em torno de 7,85 bilhões de pessoas, ou seja, mais da metade do mundo está conectado à rede.

A pesquisa também destaca que 4,33 bilhões de pessoas são usuárias de alguma rede social. Os dados sugerem uma média de 900 mil novos usuários de redes sociais por dia ao redor do mundo, o que apresenta 10 novos usuários por segundo, um crescimento de 14% ao ano.

“Durante a pandemia comecei a utilizar mais as redes sociais, e iniciei a compartilhar mais da minha rotina e nisso fui começando a ter uma procura pelo serviço que eu ofereço. A partir daí, virei a chavinha e comecei a usar mais as redes para levar informações, tirar dúvidas e captar mais pacientes. Hoje é uma das principais fontes de captação de pacientes que tenho”, revela, Ingrid Iale, 28 anos, moradora da comunidade da Rótula do Abacaxi, em Salvador.

Ingrid Iale
Ingrid Iale
Foto: João Morais

Ela diz que durante a pandemia começou a utilizar mais as redes sociais, e a compartilhar mais rotina, a partir disso, muitos internautas começaram a procurar os serviços que ela oferece.

A soteropolitana conta que é uma mulher apaixonada pela profissão, -nutrição-, e decidiu seguir com o único objetivo: “ajudar as pessoas a fazerem as pazes com a comida, obtendo resultados sem privações e restrições”, fala com entusiasmo.

O perfil da nutricionista no instagran foi criado desde 2019 com a proposta de auxiliar as pessoas a se alimentarem de forma saudável. Ingrid Iale enfatiza que muitos dos conteúdos desenvolvidos é baseado nas dúvidas dos seguidores. “Eu geralmente trabalho em cima das dúvidas dos meus seguidores, trazendo os conteúdos de forma mais simples possível para facilitar o entendimento. Além disso, trabalho muito sobre a consciência alimentar”, destaca.

Iale diz que somete utiliza o Instagram por causa da interação que consegue ter com as pessoas. “No instagram consigo ter uma troca expressiva, através dos conteúdos e dos stories”, diz.

Para interagir com os seguidores, a jovem explica que faz bastante enquetes, caixinhas de perguntas e sempre busca responder o direct. Além de fazer perguntas nos posts para incentivar o comentário e respostas com outras perguntas.

Ela ressalta que com a rede social as pessoas acabam conseguindo ter acesso a muita informação gratuita e de qualidade, mas deve haver cautela e buscar profissionais responsáveis para acompanhar os serviços.

“Quero é levar informação e conhecimento de forma leve ao maior número de pessoas possíveis, através do instagram. Desejo continuar alavancando minha rede e alcançar ainda mais pessoas para ter acesso à informação de qualidade e que de fato vão ajudar transformar vidas com meu trabalho”, diz com firmeza.

Iale cita quais as maiores dúvidas dos seguidores na conta dela: “Eles sempre me perguntam qual a quantidade de água certa ingerir, sobre suplementos, se água com limão emagrece, a respeito do jejum e seus vários tipos, uso de chás, “receitas” para ganhar massa ou emagrecer, além de como funciona um acompanhamento”.

Ingrid Iale
Ingrid Iale
Foto: João Morais

Ela, que atualmente conta com mais de 4.500 seguidores, dá dicas dos primeiros passos para ter boa visibilidade no Instagram.

“Antes de mais nada você precisa estudar a plataforma, conhecer o seu público e formar o seu nicho. Trazer conteúdos relevantes, ter uma identidade visual e uma rotina de postagens também é importante para que você consiga ter uma boa entrega dos seus conteúdos”, aconselha.

Ingrid Iale deixa uma mensagem para as pessoas que querem entrar nesse mercado de rede sociais.

“Tenham paciência. Você vai encontrar pedras no caminho, existem pessoas boas e pessoas ruins no mundo na internet. No começo nem todos vão te apoiar, pois existem dias que não tem uma entrega boa, mas não desista, não desanime. Se você tem um objetivo e um propósito se mantenha firme, continue. Coloque o mesmo empenho e dedicação sempre, já que o processo é lento, mas o retorno vem”, incentiva.

ANF
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