Da favela a estrela da seleção, Richarlison é "o cara" em estreia na Copa
Jogador do Tottenham, da Liga Inglesa, vendeu sorvete em favela do Espírito Santo e é reconhecido pelo seu engajamento em causas sociais
Nova Venécia, no Espírito Santo, tem pouco mais de 50 mil habitantes. É a cidade do atacante Richarlison, o "Pombo, que fez nesta quinta-feira, 24, a sua estreia em Copas do Mundo. Foi o autor dos dois gols da vitória contra a Sérvia, válida pelo Grupo G do Torneio.
Único capixaba na lista de 26 jogadores de Tite, ele começou a carreira no Real Noroeste, time de Águia Branca, no noroeste do Espírito Santo. Com os dois gols de hoje, é o primeiro atleta nascido no estado a marcar pela seleção.
Ganhou o apelido de "Pombo" em 2018, depois de fazer a coreografia da música "Dança do Pombo", dos artistas MC Faísca e Perseguidores.
Aos 25 anos, Richarlison é atacante do Tottenham, seu terceiro clube na Premier League, a liga inglesa. Antes atuou pelo Everton e pelo Wattford. No Brasil, despontou no América-MG, na série B do Brasileirão, e em seguida se transferiu para o Fluminense.
Na seleção, atuou pelo sub-20 e foi campeão olímpico em Tóquio, em 2021. Foi artilheiro da seleção com cinco gols.
Engajado
Conhecido pelo seu engajamento em assuntos sociais, Richarlison costuma se dizer preocupado com a realidade dos brasileiros e assim procura se posicionar em causas que considera importantes. O atleta, que viveu em favela, onde vendeu sorvete e trabalhou no campo, costuma lembrar das dificuldades que passou por puro preconceito, cotidiano latente de quem vive nas comunidades mais pobres do país.
Além do posicionamento nos assuntos do dia a dia, Richarlison é conhecido por trabalhos beneficentes. Em 2020 ele recebeu o prêmio Community Champion, da Associação de Jogadores Profissionais da Inglaterra.
No início da pandemia de Covid-19 ele se tornou embaixador do programa USP Vida, da Universidade de São Paulo, voltado para pessoas físicas e jurídicas interessados em doar para pesquisas e ações de combate à doença. Ele também faz doações mensais para um hospital de Barretos, que cuida de pessoas com câncer.
Em visita ao Pantanal, depois que a região passou por intensas queimadas, ele adotou uma onça Chamada Acerola, que passou a ser cuidada por uma Organização Não Governamental.
Entre os "sonhos do jogador", ele sempre cita a possibilidade de dar alegria ao povo brasileiro e um de seus orgulhos foi o de poder dar uma casa a todos os seus familiares, que ainda vivem em Nova Venécia.