Favela Brasil Xpress dobra time e planeja entregas com drone
Série de eventos com apelo comercial simultâneos faz equipe crescer para dar conta das entregas de fim de ano
"Trabalhamos 11 meses para um mês". É assim que Giva Ferreira, coordenador de projetos, empreendedor social e CEO da startup Favela Brasil Xpress, empresa de logística que faz entregas de e-commerce em favelas brasileiras, se refere a este fim de ano, em que as vendas da Black Friday, da Copa do Mundo e do Natal ocorreram de forma simultânea.
Nas oito bases que estão em operação, em localidades como Paraisópolis, Heliópolis, Capão Redondo e Brasilândia, na capital, e em localidades como Diadema, na Grande São Paulo, e Teresópolis, em Minas Gerais, a ideia é passar de 350 para 700 entregadores, que, via de regra, são selecionados dentro das próprias comunidades.
Se as entregas de fim de ano são promissoras - entre abril do ano passado e abril deste ano foram entregues mais de 1 milhão de pacotes pela empresa, com valor estimado em cerca de R$ 600 milhões -, o próximo ano promete ser ainda mais desafiador.
Isso porque está no radar a abertura de novas bases, passando das oito atuais para 50. "Cada vez mais a ideia é levar a nossa experiência aqui para outras localidades de todo o Brasil. Há um mercado enorme para ser preenchido, com a participação das pessoas em seu próprio território", diz.
Antes de apostar na empresa, Giva vendeu água e balas em faróis e foi distribuidor de panfletos. A empresa iniciou os trabalhos em setembro de 2020, durante a pandemia de Covid-19, com o objetivo de fazer chegar aos moradores de Paraisópolis doações feitas durante a pandemia. A partir daí, foi aberto espaço para os produtos comprados por meio do comércio eletrônico.
"Foi assim que criamos uma rede de logística na favela. Com o crescimento do comércio eletrônico, sugerimos parcerias para que os produtos pudessem ser entregues na porta das pessoas. Em alguns casos, eles também podem ser retirados na nossa base", diz. "É um sonho que traz cidadania para as pessoas. Não é pouca coisa."
Atualmente, são entregues cerca de 7 mil pacotes todos os dias. "É indiscutível que a favela consome no mercado online. Antigamente, era preciso dar o endereço de outra pessoa ou mesmo do trabalho para receber o que se comprava. Agora, é possível receber em casa", diz.
Entrega com drone
Para o próximo ano, a novidade será a possibilidade de entregas com drone. Pereira afirma que aguarda a liberação da Agência Nacional de Aviação (Anac) para o início da operação, que deve ocorrer por volta de fevereiro ou março de 2023.
"Será possível fazer a entrega de produtos de até 30 kg. O drone tem 3 metros de largura por três de comprimento e vamos fazer os testes para que a operação possa ser contínua. Será um ano muito desafiador ", diz