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Jogador autista é destaque da seleção de PE no Favelão 2022

Em campo, Haryel é atacante pelo lado direito, já em casa auxilia os pais nas entregas por delivery

9 nov 2022 - 05h00
(atualizado em 18/11/2022 às 16h25)
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Foto: Dario Vasconcelos/Visão do Corre

Jogar futebol em condição considerada padrão já é difícil, imagine para um garoto de 16 anos que convive com o Transtorno do Espectro Autista (TEA), grau 3. Haryel Jader Melo Pereira, além de ponta direita – atacante pelo lado direito do campo – é autista e arrimo financeiro de sua família. O jogador disputa uma vaga na final do Favelão, torneio interestadual realizado pela Central Única das Favelas (Cufa), em São Paulo, pela seleção de Pernambuco. 

“Quando viajei para São Paulo e vim jogar o Favelão, acabei desfalcando o time lá de casa. Eu trabalho com meu pai e minha mãe fazendo entregas [delivery] para trazer o sustento à nossa família, e minha saída para cá vai prejudicar o serviço com certeza, mas estou atrás do meu sonho e isso também é importante”, disse Pereira. 

Haryel começou a jogar bola na rua aos sete anos, porém sem a anuência do pai. Segundo o garoto, o pai achava que futebol não era um bom esporte para o filho praticar, “mas quando viu que não teria outro jeito, tratou de apoiar”.  O atleta jogou em times da várzea de Recife e, após ser percebido por um olheiro, foi levado ao Santa Cruz Futebol Clube, time da capital pernambucana, onde começou a treinar. No entanto, a mudança repentina para João Pessoa, na Paraíba, tirou Haryel do Santinha – como é conhecido o time rubro-negro recifense.  

Risolane Oliveira, coordenadora de projetos das Cufas de Pernambuco, acredita que o esporte foi o remédio que faltava ao desenvolvimento de Haryel. Conforme o jovem foi sendo incluído no futebol com outros garotos, percebeu-se uma melhora significativa na sua interação social. Além disso, o papel de inclusão que o futebol desempenhou na vida do garoto, também é um ponto observado pela coordenadora.  

“Nos últimos diagnósticos é que pudemos ver a progressão de Haryel. Ele passou por 10 especialistas, mas foi o futebol que deu essa capacidade de sociabilização que ele demonstra hoje. Com relação à vinda dele para disputar esse campeonato, temos consciência de que ele deixou a família sobrecarregada com os afazeres, mas tudo vale a pena quando estamos lutando pelo sonho de um jovem tão especial como Haryel”, ressaltou a coordenadora.  

Fonte: Visão do Corre
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