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Produtor que trabalhou com Djonga e Matuê forma beatmakers na Rocinha

Estúdio criado pelo produtor autodidata Marcelo Ítalo, mais conhecido como Dree, está formando novos beatmakers na maior favela do país

30 nov 2022 - 05h00
(atualizado em 28/12/2022 às 21h04)
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Foto: João Alexandre

Com o propósito de tranformar vidas através da música, o beatmaker e produtor musical Marcelo Ítalo, mais conhecido como Dree, de 26 anos, montou um estúdio na Biblioteca Parque da Rocinha para formar novos beatmakers.

Nascido e criado em Austin, na Baixada Fluminense, foi aos 10 anos de idade que Dree começou a se interessar por produção musical. Mas muito antes disso a música já fazia parte de sua vida, seus pais são DJs e desde pequeno ele os acompanhava em eventos. Aos 13 anos, produziu seu primeiro artista, um MC de funk do seu bairro e recebeu pelo trabalho realizado. “Ganhei o meu primeiro dinheirinho com isso. Foi aí que fiquei ambicioso a aprender mais, porém só fui mesmo entender como profissão após os 15, 16 anos”, conta Dree.

O apelido Dree surgiu na adolescência, quando estava no colégio. Seus amigos começaram a chama-lo de Dree por conta da aparência na época em que usava tranças parecidas com as do personagem Dre Parker, interpretado por Jaden Smith no filme Karatê Kid, em 2010. Ainda durante a adolescência que começou a estudar por conta própria tudo que envolvia música, a criar seus beats, e foi ao produzir uma música para o coletivo Ademafia que começou a conquistar seu espaço na cena musical.

Dree é um dos grandes artistas da cena beatmaker no Brasil e, porque não dizer, no mundo. Atualmente é DJ do rapper Gabriel, o Pensador, mas já trabalhou com inúmeros artistas – sendo produtor musical ou DJ – como, Djonga, Cachorro Magro, Start Rap, Wiu, Matuê, Ramonzin, Papatinho, Shadow, entre muitos outros. Além das marcas que também já trabalhou, entre elas Adidas, Nike, Converse, Redley, Rider, Kenner, Burguer King, Kuba Áudio e a lista não para por aqui. O beatmaker também já tocou em diversos países, alguns deles foram, Alemanha, França, Espanha, Portugal, Irlanda, Inglaterra, Holanda e Finlândia.

E foi em uma dessas viagens que a ideia de ter um projeto voltado para os jovens das favelas em que fosse possível levar todo o seu conhecimento como produtor musical surgiu. “Tudo começou quando eu fui para Finlândia e conheci um espaço que oferecia um estúdio profissional de graça para as pessoas e o resultado disso era inúmeros artistas sendo lançados e projetados ao sucesso. Eu já tinha ideia de fazer algo do tipo no meu bairro mas foi lá que eu realmente vi em pratica como isso poderia acontecer é que era possível”, lembra Dree.

A ideia de realizar o projeto no bairro em que cresceu foi iniciada, mas teve que ser adiada devido a contratempos inesperados por uma chuva de granizo que devastou a casa do beatmaker e a casa que ele tinha alugado com amigos para montar um estúdio. “Mesmo com as dificuldades eu não desisti do meu objetivo e apenas adiei para uma melhor oportunidade”. Foi então, ao se mudar para a favela da Rocinha, na zona sul do Rio, que Dree conseguiu realizar o sonho de ter um espaço para realizar o projeto com aulas para os jovens periféricos e de áreas emergentes do Rio.

Em julho de 2019 a escola Ibeatz, projeto que visa à inclusão social no ramo de produção musical foi criada com o apoio da OBV Global e Kuba Áudio, em um espaço cedido pela Biblioteca Parque da Rocinha. Dree busca levar meios que possam contribuir para que os jovens possam ter uma nova perspectiva de vida, através da música.

“A música mudou a minha realidade, me fez conhecer o mundo, conquistar meus sonhos, os sonhos dos meus familiares. A música me trouxe grandes amigos, histórias e mais tarde uma das maiores conquistas de todas: Um Legado”, afirma o beatmaker. Gabriel Rodrigues, de 21 anos, produtor musical, foi um dos alunos que passou pela primeira turma da oficina na Ibeatz. Ele já trabalhava com música antes e se inscreveu na oficina para aprimorar sua bagagem. “Tive a oportunidade de poder adquirir mais conhecimento com um dos melhores produtores do Brasil. Muita gente tem o sonho de produzir com qualidade, porém falta o acesso para essas pessoas, com certeza a Ibeatz vai ajudar muitas pessoas que querem realizar seu sonho”, conta Gabriel.

Para Aloisio de Jesus, Gestor da Biblioteca Parque da Rocinha há mais de dois anos, todos os projetos que são oferecidos de forma gratuita no local, desde aulas de dança, teatro, curso de línguas, reforço escolar e o projeto beatmaker, ajudam a criar e fortalecer o laço entre os moradores. “Eu gostaria de destacar a iniciativa do DJ Dree que pegou um espaço que antes era ocioso e junto a sua galera conseguiu transformar em um estúdio de som que além das aulas de beatmaker, também oferece ao artista da comunidade a oportunidade de gravar de graça em um estúdio de qualidade. Para mim é uma honra poder ter participado desta ideia tão linda”.

ANF
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