Atualizada às 19h45
A Parada do Orgulho Gay 2003 de São Paulo reuniu na tarde deste domingo cerca de 800 mil pessoas na área da avenida Paulista e assim consolida-se como um dos três maiores eventos do mundo neste gênero. A Parada Gay de San Franciso (EUA), a mais famosa, reuniu cerca de um milhão de pessoas na sua última edição e, a de Toronto (Canadá), 850 mil.
Além de chegar perto do segundo lugar mundial em quantidade de participantes, a sétima edição do evento paulista bateu recorde nacional - em 2002 foram cerca de 500 mil - e correspondeu às expectativas dos organizadores, que previam colocar na Paulista justamente 800 mil pessoas.
Em 1996, a Parada Gay reuniu 1200 pessoas na avenida Paulista - o que representa um crescimento de cerca de 410 vezes até 2002 - até 2003 já foi registrado um crescimento de mais de 660 vezes.
A Parada Gay contou neste ano com 20 trios elétricos que seguiram a mesma diversidade musical proposta na área sexual: axé, samba, techno, house e outros estilos agradaram todos os ouvidos. Gays, lésbicas, transexuais, bissexuais, clubbers, casais hetero, famílias com crianças de colo e pessoas de terceira idade uniram-se na festa que, segundo a Polícia Militar, não registrou nenhum incidente.
"Já fui hostilizado por participar de paradas gays, mas acho importante a participação para a construção de uma sociedade pluralista", afirmou o presidente do PT, José Genoíno, que participou do desfile em um trio elétrico, ao lado da prefeita de São Paulo Marta Suplicy.
800 mil participantes, 200 associados
Se o número de participantes da Parada Gay de São Paulo coloca o evento brasileiro entre os mais importantes do mundo, o movimento gay organizado no país, levando-se em conta também a quantidade de participantes, deixa muito a desejar.
A Associação do Orgulho de Gays, Lésbicas, Bissexuais e Transgêneros de São Paulo, Organização Não Governamental (ONG) que realiza a Parada Gay, não conta atualmente com 200 afiliados, mesmo com o baixo valor da anuidade, de R$ 100. Segundo o seu presidente, Nelson Mathias Pereira, esses associados são pessoas que contribuem por questões ideológicas, mas não são aqueles que mais precisam dos serviços prestados pela associação, como assistência jurídica e psicológica.
Para mudar estes números, a associação colocou alguns veículos na Parada Gay deste ano arrecandando doações de R$ 1. Em troca, o contribuinte recebia um selo autoadesivo. Mas havia poquíssimas pessoas desfilando com o adesivo no evento deste domingo, ou seja, o número de doações provavelmente decepcionou.
Justamente para coscientizar mais a comunidade GLS, o tema da Parada este ano foi "Construindo políticas Homossexuais". "O primeiro passo foi dar visibilidade ao movimento. Agora que conquistamos as ruas, temos que conquistar o Judiciário. Ainda não temos leis próprias, como têm as mulheres ou os negros", explica Nelson Pereira.