Mensagem divina? Premonição? A ciência prefere ver os sonhos como uma fase do sono na qual as informações da memória captadas durante o dia são fixadas na memória cerebral permanente.
"É como se passássemos os arquivos da memória RAM do computador para o disco rígido", diz o professor de Psicologia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) Rafael Raffaelli.
Além de ser indispensável para nosso equilíbrio orgânico, ele conta que o sonho é um fenômeno psíquico bastante revelador do que somos. "No período moderno, o maior decifrador dos sonhos foi Freud. Para ele, os sonhos são realizações de desejos. Sonhamos com aquilo que desejamos enquanto estamos acordados", diz o professor.
Crianças, por exemplo, mostram isso de forma mais evidente porque sonham sobre coisas mais imediatas: se lhes for recusado um doce, vão sonhar com comida. No caso dos adultos, desejos reprimidos também aparecem. "E como esses desejos são em geral ligados à sexualidade ou à agressividade, os sonhos dos adultos tornam-se, na maior parte das vezes, ininteligíveis ou mesmo absurdos", explica.
Para Sigmund Freud, os pesadelos ocorrem quando tomamos contato com nossos desejos proibidos latentes, que surgem como algo ameaçador, aumentando a tensão psíquica e nos fazendo acordar.
No passado, os sonhos eram interpretados por mágicos e adivinhos. "Várias passagens do Alcorão, o livro sagrado dos muçulmanos, teriam sido passadas a Maomé durante os sonhos", lembra o professor Raffaelli.