O Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK, de Parti Karkerani Kurdistan pelo original em curdo) luta pelos curdos, um povo que habita predominantemente o sul da Turquia, além do norte iraquiano, o oeste
iraniano e algumas partes da Síria e da Armênia. Estima-se a população curda atinja os 30 milhões de pessoas, fazendo com que sejam comumente considerados o maior povo sem Estado do mundo. Alguns estudos
apontam para 1923, data da instauração da República turca moderna e laica, as origens das reivindicações curdas, de cunho tradicionalista ou conservador.
Essa é a situação que inspira o PKK, fundado em 1974 por Abdullah Öcalan, seguindo inspirações marxistas e leninistas cultivadas na sua vida estudantil da Universidade de Ancara. O grupo começou como um mobilizador e militante político, mas amargou o fracasso nas suas reivindicações nos primeiros anos de atividdade.
A atividade considerada terrorista começou uma década depois, após o golpe militar de Estado da Turquia de 1980. A partir daí, o PKK passou a adotar, gradativamente, ações consideradas terroristas, como sequestro de turistas e ataque contra os moradores locais que se opõem aos ideais do partido. Ações contra os exércitos das nações consideradas inimigas, sobretudo a Turquia, também são frequentes.
O grupo sofreu um forte revés em 1999, quando Öcalan, após anos vivendo sob tutela da Síria e do Líbano, foi capturado e preso. O carisma da figura Öcalan (também conhecido como “Apo”) é grande, e os curdos organizam com frequência atos públicos para pedir sua libertação. Atualmente, ele se encontra detido em uma prisão na ilha Imrali, no Mar de Marmara, próximo a Istambul.
A perda do líder, somada ao aumento das ações do governo turco, fez com que o grupo reduzisse suas atividades consideradas terroristas. Acordos de cessar-fogo foram feitos durante os anos, sendo no entanto reiteradamente quebrados. Analistas observam que, durante a última década, o PKK inclusive mudou seu objetivo central, abandonando a busca por um Estado curdo para militar em nome de uma autonomia regional.
Ao mesmo tempo, a situação dos curdos na Turquia (onde representam um quinto da população, o equivalente a 12 milhões de habitantes) melhorou. A língua curda, outrora proibida por uma lei antiterrorista de 1991, é hoje permitida. Mesmo assim, muitas expressões culturais da tradição curda permanecem vetadas.
O PKK não é o único grupo de resistência curda, acompanhado, por exemplo, pelo Partido da Vida Livre do Curdistão (PJAK, segundo o original curdo Partiya Jiyana Azad a Kurdistanê) e pelos Falcões da Liberdade do Curdistão (Teyrêbazên Azadiya Kurdistan). A situação reflete a dos anos 70, década de sua origem, quando o PKK era uma entre várias organizações rebeldes na região.
Atualmente, o PKK é considerado uma organização terrorista pela Turquia e pelos Estados Unidos. Nas suas origens, o grupo contava com cerca de 50 mil homens e mulheres, sua força é hoje estimada em menos de 5 mil soldados. Sem grandes atentados terroristas, a violência do PKK é melhor definida como a tensão diária de pequenos mas constantes conflitos. Estima-se que 40 mil pessoas tenham morrido ao longo das décadas de confrontos entre curdos e os povos vizinhos.