O professor de inglês Domingos Sávio, morador de Guaratinguetá, interior de São Paulo, tinha apenas oito anos quando a atriz Daniella Perez morreu assassinada no Rio de Janeiro, em dezembro de 1992. Desde que se “entende por gente”, é fã da atriz, cujo trabalho conheceu por muito pouco tempo. Sem uma explicação racional, afinal não tinha qualquer vínculo familiar ou de amizade com pessoas próximas à atriz, desde a morte trágica pelas mãos do casal Guilherme de Pádua e Paula Thomaz, Domingos ajuda a manter viva a memória de Daniella.
A sua ação mais recente foi criar uma página no Facebook para postar mensagens e imagens da carreira da atriz-bailarina e também para fazer uma homenagem especial nos 20 anos da morte. Domingos é daqueles fãs que tem guardado vasto material, como revistas, entrevistas, recortes de jornais e o que mais puder reunir de registro histórico. “Eu criei a página há uns quatro meses, porque eu sabia que estavam se aproximando os 20 anos”, afirma o professor, que diz ter ajudado na organização da missa pelos 15 anos da morte da atriz, realizada no Rio.
Domingos conta que enviava cartas para a atriz desde muito novo e que decidiu fazer as homenagens na internet para reforçar as lembranças positivas sobre Daniella. “Antes tínhamos uma comunidade no Orkut, que era muito restrita, hoje o Facebook tem muita gente. A imagem do Guilherme (de Pádua) sempre foi muito exposta. Então eu pensei: vamos criar uma página diferente”.
Diferente, segundo o fã, porque as pessoas, desde o crime, teriam “obsessão pelo que aconteceu” e pela última personagem de Daniella na TV, a Yasmin da novela De corpo e alma, e ele queria mudar isso. “Decidi, então, colocar as
fotos pessoais, de arquivos, que a Glória (Perez, mãe de Daniella) compartilhava com a gente”. Mas a proposta vai além: a ideia é focar em outros assassinatos registrados no país para ajudar as pessoas a não se esquecerem e cobrarem por justiça. “Não é só porque é filha da Glória Perez. Ela tem que ser espelho para muitas mulheres”.
Com cerca de 12,7 mil likes até a semana passada, a página facebook.com/daniellaperezgazolla reúne imagens da atriz em cena, fotos de infância e adolescência e tem, rotineiramente, vários posts com detalhes do crime. Nos últimos dias, a página vem destacando os 20 anos da morte. Também funciona como canal de cobrança por mais justiça no país. “A Glória gosta das homenagens que a gente faz. É uma forma de não deixarmos que a filha dela seja esquecida e de lembrar que os assassinos ficaram só seis anos na cadeia”, dispara.
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