O Brasil teve mais 1.840 mortes em um único dia. Recorde atrás de recorde. Para Bolsonaro foi outro dia qualquer. Nenhum lamento. Ah sim, ele cancelou pelo segundo dia seguido o pronunciamento que faria na TV. Se foi para fugir dos panelaços, a tática não funcionou.
Para dizer que não falou do coronavírus, Bolsonaro disse que foi a imprensa que criou o pânico. No final do dia, deixou claro que se depender dele não haverá lockdown jamais. Será que alguém ainda tinha alguma dúvida em relação a isso?
Enquanto as mortes se multiplicam no país de Bolsonaro, o melhor discurso do dia foi dado por Lisca, o técnico do America-MG, que fez um apelo. “É hora de segurar a vida. Nosso país parou, gente. Não tem lugar nos hospitais, estou perdendo amigos.”
Lisca tem fama de doido. Mas é um apelido carinhoso, de maluco beleza, que ele ganhou por se entregar de corpo e alma aos times que dirige. Lisca dança para provocar rivais, já roubou a cabeça do mascote do time e fez outras coisas mais.
O apelo de Lisca veio quando ele comentou o sorteio para a Copa do Brasil. Lisca disse o óbvio. Como as delegações viajarão pra lá e pra cá se o país vive o pior momento da pandemia. Não faz o menor sentido, mas a CBF parece seguir a lógica de Bolsonaro.
Será ouvido pelos cartolas? Provavelmente não. Mas Lisca, o doido, mandou o seu recado. No país de Bolsonaro, somos todos doidos. Somos todos Lisca.