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Jim Carrey dá um show de interpretação em O Show de Truman O
Show de Truman,
novo filme estrelado por Jim Carrey e dirigido por Peter Weir (de Sociedade
dos Poetas Mortos), chega ao Brasil como um
dos favoritos a múltiplas indicações ao Oscar, incluindo a
de melhor ator para Carrey.
Sua família e seus amigos são todos atores. Até que um dia Truman começa a perceber algo estranho e começa a desvendar a intrincada equipe que o cerca e a mentira conspiratória que é sua vida. O melhor do filme, essa idéia absurda de uma telenovela estar no ar intermitentemente mostrando a vida de uma pessoa normal, não é tão longínqua da realidade da mídia no final do século e aí está seu sombrio e premonitório valor. Em tempos de programas que levam a desgraça do cidadão comum às casas de milhares de pessoas, como os programas de Ratinho e Leão no Brasil ou de Jerry Springler nos EUA, não é difícil imaginar que quando este modelo cansar, levando farsas orquestradas a palcos de TV, só mesmo a vida de uma pessoa real pode saciar os desejos voyerísticos dos telespectadores cada vez mais céticos. Andrew Nichol, o neo-zelandês diretor de outro filme de ficção científica altamente paranóico e conspiratório (Gattaca), é o roteirista de O Show da Vida, do qual se pode traçar um paralelo com 1984 de Orwell, mas em reverso: em 1984, o famoso Big Brother monitorava milhares de pessoas e em O Show da Vida milhares de pessoas monitoram a vida de uma apenas, mas o Big Brother está aqui também, desta vez na pele do diretor da telenovela Christof (Ed Harris), que tal qual Deus profere frases como "Corta o Sol" ou "Faça chover". Jim Carrey desponta aqui como o único astro de Hollywood a fazer frente a Tom Hanks. Carrey, como Hanks, ficou famoso com comédias deslavadas e seu jeito careteiro. O Show da Vida dá oportunidade a Carrey de mostrar seu lado humorísitico mais sofisticado, colocando-o no mesmo patamar de Chevy Chase e Steve Martin, além de seu maior parâmetro: Jerry Lewis. O humor esquizofrênico de O Show da Vida é essencialmente americano, a sátira mordaz do americano típico comum, um modelo fabricado, adotado por milhares numa sociedade pré-fabricada, prática e anti-séptica. Essa assepsia toda pode ser conferida na locação utilizada para a cidade onde vive Truman, Sea Haven, na verdade uma cidade que realmente existe nos Estados Unidos, chamada Seaside, no norte da Flórida, Estado americano dos mais conservadores. É aqui se pode traçar outro parâmetro, desta vez com o antagonista do filme, o diretor Cristof, que pode ser comparado com o grande maestro de massas Walt Disney. Foi ali mesmo na Flórida que Walt Disney criou seu mundo de sonhos, uma cidade inteira de diversão: a Walt Disney World. Dentro da Walt Disney World está a cidade Celebration, uma cidade real, construida para os funcionários da Disney Company, que muito se assemelha à Sea Haven de O Show da Vida, mais uma amostra de que o filme não está tão distante da realidade. Truman vive sua vida de mentira dentro de uma verdade fabricada para ele e completamente alheio a esta conspiração. No mundo da Internet cidadãos comuns colocam-se à disposição de quem quer que seja, através das infames webcams, que num determinado momento foram sensação na grande rede. O Show da Vida leva à reflexão de um dos assuntos mais importantes no mundo de hoje: o direito à privacidade. Peter Weir realizou seu melhor filme até o momento e O Show da Vida é um ótimo desencadeador de discussões sobre a mídia no século XXI, além de ser um ótimo entretenimento, envolvendo humor, suspense e drama em doses corretas. (Beth Ferreira)
Veja a opinião do colunista Carlos Gerbase sobre o filme Leia o texto da colunista Barbara Kruchin sobre O Show de Truman - O Show da Vida Livro recomendado:
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Título Original: The
Truman Show |
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