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Terra Estrangeira
retrata exílio na era Collor
Paco e Alex vivem uma história de amor angustiada no exílio
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Em 1990, o recém-eleito
presidente Fernando Collor de Mello congelou a poupança de todo
o País. A perspectiva de um futuro sombrio levou centenas de brasileiros
a procurar uma saída - o aeroporto. Os
efeitos dessa política econômica predatória são
o ponto de partida de Terra Estrangeira, filme de Walter Salles
e Daniela Thomas.
A paulistana Alex (Fernanda Torres)trabalha como garçonete em Lisboa,
enquanto suporta um relacionamento com Miguel (Alexandre Borges), um músico
viciado em heróina. No Brasil, Paco (Fernando
Alves Pinto) e sua mãe (Laura Cardoso) sonham em conhecer a cidadezinha
espanhola de seus antepassados. O anúncio do confisco
destrói os sonhos e a vida da velha costureira. Sem
dinheiro nem rumo, Paco aceita entregar uma encomenda em Lisboa para Mr.
Kraft (Luís Melo), um traficante de jóias de
fala mansa e frases cultas.
Paco perde o pacote, o que o leva a Alex e ao destino do filme, uma reflexão
sobre a perda da identidade no exílio. Na fuga para a Espanha,
não faltam bandidos atrás de um violino cheio de diamantes
e um desfecho dramático. A trilha sonora
de José Miguel Wisnick e a belíssima fotografia em preto
e branco de Walter Carvalho contribuem para o clima noir que percorre
o filme. Depois de amargar críticas por A Grande Arte, Walter
Salles voltou suas lentes para o Brasil e seus contrastes a partir
de Terra Estrangeira, temática que move
também o documentário Socorro Nobre e Central
do Brasil.
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