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Nostalgia do paraíso
percorre Além da Linha Vermelha
Há vinte anos
longe das câmeras, o diretor norte-americano Terrence Malick retorna
com um drama de guerra que já faturou sete indicações
ao Oscar -
filme, direção, roteiro adaptado, montagem, fotografia,
som e trilha sonora - e conquistou o Urso de Ouro
de melhor filme no Festival
de Berlim de 1999, além de uma menção especial
do júri pela magnífica direção de fotografia
de John Toll.
Autor de Terra de Ninguém (1973)
e Cinzas do Paraíso (1978), filmes
cultuados da década de 70, Malick ficou conhecido por um perfeccionismo
doentio, o que o teria afastado de novos trabalhos. Com o exílio
voluntário, o diretor se recusava a dar entrevistas desde 1974.
A desintegração individual e o questionamento metafísico
percorrem a narrativa |
Adaptação
do romance autobiográfico de James Jones, que já teve uma
adaptação de Andrew Morton em 1964, Além
da Linha Vermelha focaliza
a sangrenta campanha americana em Guadalcanal, ilha do Pacífico
controlada pelos japoneses durante a 2ª Guerra Mundial.
Enquanto O Resgate do Soldado Ryan,
de Steven Spielberg, seu grande concorrente ao Oscar, alia-se ao realismo
cortante e descamba para o ufanismo, Além da Linha Vermelha
aborda a desintegração individual e os horrores psicológicos
provocados pela guerra em um grupo de soldados.
A abertura celebra
o éden perdido na figura de dois soldados desertores, vivendo em
idílio com a natureza em uma ilha no Pacífico. Capturados,
eles retornam à companhia para integrar a missão de Guadalcanal.
O comandante é o tenente-coronel Gordon
Tall (Nick Nolte), que não se importa em enviar soldados para a
morte em missões arriscadas. O capitão James Staros (Elias
Koteas), comandante da "Companhia C", passa a questionar Tall
e se recusa a imolar seus homens para tomar uma colina estratégica.
A narrativa em off de Witt (James Caviezel) e Bell (Ben Chaplin) conduz
as reflexões sobre a mortalidade, a relação nostálgica
do homem com a natureza e com os sentimentos nobres destroçados
pela realidade.
Em meio ao horror,
Witt sobrevive da lembrança da ilha onde foi capturado, no início
do filme, enquanto Bell mantém uma espécie de sanidade romântica,
amparado pelo amor da esposa que deixou ao partir para a guerra.
Sean Penn e Woody Harrelson são outros destaques do elenco, que
conta com aparições rápidas e um tanto gratuitas
de John Cusack, John Travolta e George Clooney. A participação
no filme foi disputada a tapa por estrelas como Johnny Depp e Brad Pitt.
Com tanta oferta de atores, Malick acabou cortando as cenas com Bill Pullman,
Billy Bob Thornton e Lukas Hass.
(Cássia Borsero)
Leia a opinião de Carlos Gerbase
sobre o filme.
Leia
a opinião de Carlos Gerbase sobre o filme
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