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FEDERICO FELLINI (1920-1993)

Fellini nasceu em 1920, em Rimini, pequena cidade litorânea da Itália. Começou como jornalista em Florença, na revista de humor "Marc Aurelio", demonstrando ser excelente desenhista e caricaturista. Logo depois, passou a escrever pequenos roteiros e piadas para comediantes. Seus mestres no cinema foram Rossellini, para quem trabalhou em vários projetos (inclusive "Roma, cidade aberta" e "Paisà"), adquirindo conhecimento da mecânica da produção audiovisual, e Lattuada, com quem co-dirigiu seu primeiro filme.

A inspiração neo-realista é evidente na primeira fase de suas obras, com muitos personagens populares, de fácil identificação e grande carga emocional. Pouco a pouco, contudo, a imaginação de Fellini foi superando seu compromisso com a realidade. Em "Oito e meio" já estão presentes o sonho, a fantasia e o grotesco, que formariam a matéria-prima de sua carreira.

Fellini escrevia roteiros, mas sempre a contragosto. Dizia que era uma pena transformar em palavras o que, na verdade, deveria ser transportado diretamente da sua imaginação para o filme. Gostava de improvisar, de trabalhar com não-atores e de não planejar muito sistematicamente sua rotina de trabalho. Sabia cercar-se de outros grandes talentos, que enriqueciam os filmes e davam um suporte seguro para suas "pirações": Giulietta Masina (atriz), Marcello Mastroianni (ator), Nino Rotta (músico), Tonino Guerra (roteirista).

Apesar de, em alguns filmes (principalmente em sua obra-prima "Amarcord" e no feroz "Ensaio de Orquestra") abordar temas políticos, Fellini não se sentia à vontade com cobranças ideológicas: "Minha natureza não é política; e o discurso político me confunde na maioria das vezes. Não o compreendo. Mas confesso isso como uma fraqueza, como uma de minhas carências."

Poucos diretores de cinema conseguiram marcar tão claramente seu estilo, a ponto de virar adjetivo. Dizer que tal filme ou tal personagem é "felliniano" significa identificá-lo com a estética ao mesmo tempo barroca e popular de seus trabalhos das décadas de 60 e 70, em que o exagero e a predileção pelo inusitado conduzem, na verdade, a uma reflexão séria - e muitas vezes cruel - sobre o cotidiano de seres humanos frágeis e anônimos. Em seus melhores filmes, como "Os boas vidas", "Julieta dos espíritos", "A doce vida", "Amarcord" e "La nave va", Fellini demonstra que o cinema pode ser absolutamente autoral sem perder sua universalidade.

Filmografia

1.
Mulheres e luzes (1950) (co-direção com Alberto Lattuada)
2. Abismo de um sonho (1952) (também conhecido como "O sheik branco")
3. Os boas vidas (1953)
4. L'amore in città (1953) (um dos episódios)
5. A estrada da vida (1954)
6. A trapaça (1955)
7. As noites de Cabíria (1957)
8. A doce vida (1960)
9. Boccaccio 70 (1962) (um dos episódios)
10. ito e meio (1963)
11. Julieta dos espíritos (1965)
12. Histórias extraordinárias (1967) (um dos episódios)
13. Block notes di um regista (1968)
14. Fellini-Satyricon (1969)
15. I Clowns (1970)
16. Roma de Fellini (1972)
17. Amarcord (1973)
18. Casanova de Fellini (1976)
19. Ensaio de orquestra (1979)
20. A cidade das mulheres (1980)
21. E la nave va" (1983)
22. Ginger e Fred (1985)
23. Entrevista (1987)
24. A Voz da Lua (1990).

Carlos Gerbase é jornalista e trabalha na área audiovisual, como roteirista e diretor. Já escreveu duas novelas para o ZAZ (A gente ainda nem começou e Fausto) e atualmente prepara o seu terceiro longa-metragem para cinema, chamado "Tolerância".

 

 

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