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MÁFIA NO DIVÃ Se você tem bons diálogos e Robert de Niro, as perspectivas são boas. É verdade que você também tem Billy Crystal, que é um bom ator, mas ri de suas próprias piadas (além de ser produtor executivo: isso deve ser um inferno). E aí você lê o nome de Harold Ramis na direção. Ramis dirigiu uma obra-prima da comédia moderna, "O feitiço do tempo", e um fracasso absoluto, "Eu e minhas cópias" (ou algo parecido). Assim, cheio de contradições, "Máfia no divã" parece merecer uma análise profunda, mas, na verdade, sua despretensão é sua maior qualidade. Dá pra rir um pouco, dá pra passar o tempo e dá pra colocá-lo numa estante intermediária, entre o admirável feitiço e os abomináveis clones de Keaton: "Máfia no divã" é um filme divertido, mas muito previsível.
Um chefão do crime nova-iorquino não consegue administrar o estresse provocado por uma guerra de gangues e recorre a um psicanalista. O argumento é (além de idiota) original o suficiente para gerar uma comédia com apelo popular. Isso se o roteiro for esperto. Até certo ponto, é. O grande risco era trancar Robert de Niro no consultório de Billy Crystal e confiar cegamente nas piadas que a situação inusitada permite.
Ao que parece, Ramis está fazendo suas concessões aos estúdios. Em "O feitiço do tempo", trabalhou com um ator não-estrelar (Bill Murray) e um orçamento médio. Depois, com Michael Keaton e muitos efeitos especiais, afundou. Agora, com De Niro e Crystal (e muito mais dinheiro), conseguiu realizar divertimento inteligente, mas não conseguiu sair do lugar-comum. Talvez nem queira. O que é uma pena. De bons artesãos, o cinema americano já está bem cheio.
Carlos
Gerbase é
jornalista e trabalha na área audiovisual, como roteirista e diretor.
Já escreveu duas novelas para o ZAZ (A
gente ainda nem começou e "Fausto"). Atualmente
finaliza seu terceiro longa-metragem, Tolerância, com Maitê Proença e Roberto Bomtempo. |
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