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RAPIDINHO Dois agentes do FBI (um homem e uma mulher) procuram a verdade sobre misteriosos seres extra-terrenos que vão recolonizar o planeta. Em sua busca frenética, enfrentam o próprio FBI, o governo, uma agência especial que está acima do governo e um bando de ETs de olhos verdes, violentos e furiosos. Mas há três problemas. O primeiro é que, mesmo com tantos - e tão poderosos - inimigos à frente, a dupla invade sem a menor dificuldade instalações secretíssimas (em ações que chamávamos de "pilhadas" nas velhas séries de TV) e vai montando um quebra-cabeças que explica a grande conspiração que tomou conta da Terra. O segundo é que o quebra-cabeça é tão complicado que ninguém entende nada. O terceiro é que eu não tenho a menor idéia de porque é tão importante a questão beija-não-beija que envolve os dois agentes. AGORA COM MAIS CALMA O ZAZ anunciou que o filme "Arquivo X" era um bom programa mesmo para quem não é fã da série. Eu não sou fã da série, jamais vi na TV e uma única vez peguei uma fita no vídeo-clube, que acabei nem assistindo por inteiro. De modo que estava exatamente na condição de "virgem", pronto para gostar ou não gostar do filme encarando-o como uma obra independente. Coisa que "Arquivo X" não é. Pelo contrário: é dependente de várias informações que, deduzo, estão presentes na série. E são coisas fundamentais, como a definição dos dois personagens principais. Eu não sabia (e continuo não sabendo) porque aqueles dois estão juntos,
porque a seção do FBI em que trabalhavam foi desativada e porque eles não se beijam, apesar de (aparentemente) estarem apaixonados um pelo outro. Aliás, a tal cena do quase-beijo foi a única que provocou alguma reação na platéia - uma mistura de risos e alívio. Eu fiquei boiando. A agente é tão sensual quanto um pote de geléia, e o agente lembra um pouco um certo presidente dos Estados Unidos que cura suas mágoas jogando bombas em países subdesenvolvidos. Os dois viraram os astros do momento no show-bizz americano, mas, convenhamos, o show-bizz norte-americano já nos legou uma coleção bastante grande de inutilidades. A comparação com o filme "Perdidos no espaço", também baseado numa série de ficção-científica na TV, me parece inevitável. E "Arquivo X" perde feio, pois, ao contrário da auto-ironia e da agilidade narrativa de "Perdidos no espaço", "Arquivo X" leva a sério o monte de mistérios e bobagens conspiratórias que vai listando em seu roteiro. Nada contra filmes de FC misteriosos. "2001 - Uma odisséia no espaço" é misterioso. "Solaris" é quase incompreensível. Mas "Arquivo X" é apenas confuso. Se há alguma teoria por trás do filme, trata-se da Teoria da Enrolação. Carlos Gerbase responde às críticas dos visitantes do ZAZ! Arquivo X - O Filme, EUA, 1998. 121 min. De Rob Bowman. Com David Duchovny, Gillian Anderson, Martin Landau, Armin Mueller-Stahl e outros. Carlos
Gerbase é jornalista e trabalha na área audiovisual, como
roteirista e diretor. Já escreveu duas novelas para o ZAZ (A
gente ainda nem começou e Fausto)
e atualmente prepara o seu terceiro longa-metragem para cinema, chamado
"Tolerância".
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