|
Diário
da Filmagem
28/05/99 - Sexta-feira
Roberto Bomtempo e Maria Ribeiro voltaram do Rio ao meio-dia (já tinham
estado em Porto Alegre na semana anterior). Às duas da tarde, no hotel,
começamos a ensaiar todas as cenas mais difíceis que envolvem os seus
personagens no filme. Já tínhamos lido e discutido bastante cada uma delas,
junto com os outros atores, mas, pela primeira vez, tínhamos tempo, espaço
e intimidade apropriados para ensaiar de verdade os momentos "quentes"
entre os dois.
Ficamos pouco mais de três horas trabalhando. Não foi difícil. Como são atores
experientes, bastou marcar a movimentação e conferir se o que estava previsto
na decupagem funcionava na prática. O "story-board"
também ajudou bastante. Tanto o Roberto quanto a Maria pareciam estar à vontade.
Em outros filmes, já enfrentei problemas nessa fase dos ensaios, porque
nem sempre os atores são generosos (com o diretor ou entre si). Mas correu
tudo tranqüilo e até foi divertido. Quando formos filmar, acho que eles
farão as cenas ainda melhor, porque agora estão seguros do tipo de imagem
que pretendemos colocar no filme.
29/05/99 - Sábado
Estava prevista uma viagem para Igrejinha, onde fica a cachoeira do começo
do filme, para anteciparmos algumas fotos do trio Júlio-Guida-Anamaria
(que seriam necessárias em cenas da "opção-chuva" da primeira semana do
nosso cronograma). Às oito e meia da manhã, estávamos numa caminhonete
(Roberto Bomtempo, Maria Ribeiro e Ana Maria Mainieri, mais dez pessoas
da equipe técnica), a caminho da serra,
com o céu nublado, mas sem chuva. Aí tocou o celular da Ana (primeira
assistente de direção), e os planos mudaram: estava chovendo muito em
Igrejinha, e as perspectivas eram de chuva o dia inteiro.
Voltamos
para Porto Alegre e improvisamos. Afinal, o filme não trata também de manipulações
fotográficas? Fiz imagens de Guida-Anamaria sobre um fundo neutro, para depois
misturar com imagens da cachoeira (que já temos). Também fotografei Júlio e Anamaria
abraçados, mas tenho a impressão que esta vamos repetir depois, na locação mesmo,
porque a decupagem prevê um plano
detalhe e a foto tem grande importância dramática no filme. O mais provável
é que elas sejam todas refeitas. Mas seguro, em cinema, nunca é demais. De qualquer
maneira, alguém vai se divertir bastante no Photoshop nos próximos dias.
No final da manhã, chamamos o Márcio Kieling para a Casa de Cinema. Ele vai interpretar
o Ciro, e não tínhamos ainda ensaiado as suas cenas. Lemos em conjunto os diálogos
várias vezes e tiramos as dúvidas sobre o personagem. Tenho a impressão que o
Márcio vai fazer o trabalho tranqüilamente (além de voltar a movimentar o seu
velho fã-clube, criado durante a nossa novela do ZAZ, A
gente ainda bem começou, de saudosa memória, pelo menos para mim).
Depois
do ensaio, fomos almoçar, tomar um vinho e falar bobagem. Este deve ser nosso
último sábado (mais ou menos) livre nos próximos dois meses. À noite, em casa,
passei as fotos para o computador (algumas delas ilustram este texto).
Acompanhe o dia-a-dia das filmagens de Tolerância e veja imagens
exclusivas em Atrás da Câmara.
CAPA
|