Fúria de Titãs

Fúria de Titãs - Entrevista Louis Leterrier

Louis Leterrier

Por Danilo Saraiva
Direto de Londres

No dia em que visitamos o set de filmagens de Fúria de Titãs, o diretor Louis Leterrier estava ocupadíssimo. Era uma quarta-feira de agosto, última semana das filmagens do longa e ele concentrava-se em rodar a cena em que Perseu (Sam Worthington) lutava contra o temeroso Kraken

Afundado no tão falado vôo do Pégaso negro, de início, Leterrier não concordou falar conosco. Mas no intervalo, quando mais uma vez preparavam as inúmeras câmeras para filmar uma espécie de perspectiva em três dimensões, ele cedeu.

Confira como foi o bate-papo:

Como foi conceber este projeto? Nos parece bem diferente do original...

Sim, porque, como vocês, eu cresci assistindo esse filme. Eu o assisti antes de Star Wars e para mim foi uma experiência mágica. Então eu não queria fazer a mesma coisa, mas causar o mesmo tipo de emoção. Acabei levando pro lado pessoal. Inspirei-me nas coisas que sabia de mitologia. Incorporei minha visão sobre o filme original e mudei, acrescentei outras que estavam faltando. Foi por isso que aceitei este trabalho.

Estamos numa fase em que a computação gráfica consegue reproduzir cenas quase tão realistas quanto outras tecnologias. Por que em 'Fúria de Titãs' você usou muitos robôs e maquiagem, ao invés dos tradicionais efeitos de computador?

Os meus filmes favoritos, como Star Wars e a trilogia Senhor dos Aneis, funcionam justamente porque usaram um mix de tecnologias diferentes. Eu pedi para construírem grandes sets para que os atores tivessem uma perspectiva melhor do que estava acontecendo. Assim, eles ficam mais felizes do que atuando ao redor de um fundo verde. 'Não é rapazes? Vocês estão felizes, certo?' (Louis Leterrier pergunta aos figurantes, que não respondem com muito entusiasmo).

Você disse que o projeto se tornou pessoal. O que quis dizer com isso?

Bom, todo filme acaba virando algo pessoal. Eu reescrevi completamente a história. Há mais aventura, está mais sombrio. Mudei um pouco do Perseu, não achava que ele poderia seguir uma jornada só por estar apaixonado. Eu tenho muito respeito pelo filme de Ray Harryhausen e o de Desmond Davis – diretores do primeiro Fúria de Titãs (de 1981), mas não queria fazer a mesma coisa. Só mantive o título, porque era muito legal (risos).

Você tem que encerrar esse filme até o fim da semana. Como anda a rotina?

Olha, estamos rodando e editando praticamente ao mesmo tempo, para o pessoal de efeitos visuais começar o trabalho. Tenho dormido quatro horas por dia.

Uma das coisas mais legais do primeiro filme é que eles usaram muita maquiagem e outros efeitos em stop-motion. Com exceção da parte do stop-motion, como é fazer quase o mesmo aqui?

Estou tentando, mas também uso CG (computação gráfica). O legal é que temos artistas incríveis para interpretar as criaturas. Elas não estão neste filme apenas para protagonizar sequências de ação, então eu precisava delas dessa forma. Elas interagem com os personagens reais. Sheik Solomon é aquele personagem com cara de madeira. Ele está num meio termo, da fantasia e da realidade. Nossas criaturas tomaram vida.

Como é convencer atores do porte de Liam Neeson e Ralph Fiennes de que eles não estarão bancando os ridículos na tela como deuses da mitologia?

Primeiro, foi preciso convencê-los de que eles não precisariam usar, em hipótese alguma, uma toga (roupa típica do cidadão romano). Na segunda etapa, é preciso conversar muito com eles. Mostrar todos os processos. Mandar desenhos dos figurinos, deixar que eles participem da história, aprovem o roteiro…

Vocês tiveram algumas dificuldades para filmar em locais inóspitos, como nas montanhas de Tenerife (maior ilha do arquipélago das Canárias)?

Cara, foi f… Num momento, parecia que tinha chuva saindo debaixo, chuva que vinha pelos lados e chuva que vinha de cima, ao mesmo tempo. Era insano. Mas essa é a parte legal desse trabalho. Você constrói cidades, viaja, vai às locações. Isso é o que faz dele uma coisa divertida.

Se Fúria de Titãs vir a ser um sucesso, você comandaria uma sequência?

Adoraria fazer. Mesmo se fosse um sucesso moderado. E eu já tenho a história montada na minha cabeça. Quando eu comecei a rodá-lo, sabia que essa grandiosidade se tornava um tanto inútil para contar apenas uma história. Há tantos personagens, todos são muito intrigantes.

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