A capinha do CD mostra Eric garoto, sorrindo, em uma foto sépia. É mais um visual do guitarrista, cantor e compositor, que é um mutante em matéria de corte de cabelo, armação de óculos, etc. A primeira faixa, que dá título ao CD, parece inadivertidamente uma bossinha nova, toda instrumental, com um piano rhoades ao fundo e uma guitarrinha limpinha do bom e velho slowhand.

Ouça o disco Reptile na Rádio Terra

A segunda, Got You on My Mind, é um blues arrastado com um timbre sujo de Fender. O vocal de Eric, marcante e assinado logo vem. Próxima: Travelin' Light, cadenciada com um shuffle de estrada, tem velhos amigos no instrumental, como Nathan East, feras de estúdio como o baterista Steve Gadd e o pianista Joe Sample, e até o brasileiro Paulinho da Costa na percussão.

Terceira do disco: leve, calma, dá para ouvir a reverberação da guitarra de Eric na sala de gravação. É Believe in Life, uma clara balada clássica do músico. Mais uma música e temos uma de Ray Charles, Comes Back Baby, essa sim uma balada pra lá de blueseira, chorada. Aperta o botão de ir para frente e vem Broken Down, com a mesma turma de Travelin' Light, com Eric ao violão.

Bom humor e levada nostalgica é o ingrediente de Find Myself, quase uma convenção musical de tão conhecida no inconsciente musical das pessoas - e é do próprio Clapton. Oitava música: a já conhecida e radiofônica I Ain't Gonna Stand For It, de Stevie Wonder, bem agitada e um hit certo para o mercado pop. Um piano abre I Want A Little Girl, balada blues com o vocal "quase" falado de Eric.

Décima do disco: um violão, uma guitarra com vibrato, um órgão, uma bateria com "escovinha". Second Nature é uma balada suingada, já característica de Eric. Mais uma balada na 11ª: Don't Let Me Be Lonely Tonight, que pode ser ouvida em um bar após um cano do namorado/a, sem medo de chorar - até um naipe de cordas ajuda na melancolia alcoólica. Um country blues retoma um ritmo mais feliz no álbum(só um pouco, já que cordas ainda entristecem o tom da canção em Modern Girl.

A penúltima poderia abrir o show de Eric, um rock blues com guitarra slide e tudo o mais: Superman Inside. Uma apertada no fast foward e vem Son & Sylvia, extremamente triste, com violões em estéreo, cordas ao fundo, em um daqueles temas intrumentais que Clapton vem distintamente fazendo nos últimos discos.

Enfim, cada faixa de fãs do guitarrista está bem servido em Reptile, basta achar suas músicas favoritas - e até passear pelas outras vertentes de Clapton, sem perconceitos.

Ricardo Ivanov / Redação Terra