Guitarrista construiu sua história em diversas bandas
Falar de
Eric Clapton, 56 anos, é falar de um inglês
com várias facetas, várias carreiras em uma só,
e uma vida cheia de acontecimentos contundentes.
A cidade de Ripley viu seu guitarrista favorito
nascer no dia 30 de março de 1945. Quando fez 14
anos, ganhou uma guitarra de seus pais, Rose Clapp
e seu segundo marido. Mas teve sua guitarrinha de
plástico um pouco antes, quando viu Elvis Presley
na TV e infernizou até ganhar o brinquedo.
As curiosidades
de sua vida já começaram cedo - aliás, remetendo
à história de um verdadeiro bluesman. Seu verdadeiro
pai foi um soldado canadense chamado Edward Fryer
- Clapton só soube disso em 1998. Mas voltando
à música: os primeiros riffs (frases) de guitarra
que Eric aprendeu foi ouvindo e copiando ídolos
do blues como Blind Lemon Jefferson. No mesmo
ano em que ganhou o primeiro instrumento de verdade,
1962, fez sua primeira apresentação em público,
enquanto ainda estudava para ser designer em vidro.
Após
algumas incursões em bandas amadoras, integrou
o Yardbirds em 1963. Ainda com sua destreza no
instrumento em formação, começou a fazer seu nome
nos bares ingleses e seu empresário na época lhe
alcunhou o apelido de "Slowhand" (mão lenta).
O Yardbirds foi o ponto de partida da carreira
de outros dois ícones da guitarra: Jeff Beck e
Jimmy Page, que tocaram com Clapton. Eric saiu
do grupo em 1965 e foi para o John Mayall and
The Bluesbreakers.
Cream e carreira solo
Já com
uma bela reputação, o passo seguinte foi formar
o Cream, em 1966, com o baixista Jack Bruce. Foram
dois anos de power trio, também marcando a história
da música - uma característica de Clapton, que
em cada banda que tocou deixou um certo registro
de "clássico". Fechou a conta e montou o Blind
Faith (com Jack Bruce e Stevie Windwood) estreando
com uma controversa capa com uma menina de 11
anos nua. Mas já era hora de sair rodando sozinho
e Clapton gravou seu primeiro álbum solo homônimo
em 1970.
Com
o nome Derek & The Dominos (para não usar seu
nome na capa do disco e fugir da imagem de herói
da guitarra, que já vinha carregando), lançou
um clássico em novembro de 1970: Layla and
Other Assorted Love Songs. "Layla significou
muito para mim, pois era sobre uma experiência
emocional, sobre uma mulher pela qual tive um
sentimento muito profundo, mas que não me deu
bola", disse em uma entrevista de 1974 à
revista Rolling Stone sobre a canção que
é um de seus hinos. O lado pessoal voltou no ano
seguinte: Eric enfrenta dificuldades com seu vício,
a heroína. "Quando você sai disso, sente uma inacreditável
vontade de confessar", disse em 1975, acrescentando
que ficou na dúvida se foi ou não uma boa
idéia revelar o fato ao público.
Morte do filho e galeria de hits
Uma
carreira solo substancial mesmo começou a rolar
a partir de 1974, com o lançamento do disco 461
Ocean Boulevard, que elevou o reggae I
Shot the Sheriff ao status de clássico. Alguns
álbuns sem maior projeção e Clapton lança em 1977
Slowhand com outros hits eternos como Cocaine,
Lay Down Sally e Wonderful Tonight.
Começou a vender muito também com os discos seguintes.
Mas na primeira metade dos anos 80, sua carreira
brecou com discos como August. A caixa
coletânea Crossroads e o pop de Journeyman,
de 1989, lhe redimiram em popularidade. Em 1990,
inclusive, esteve no Brasil para shows da turnê
deste álbum (confira
aqui).
Em 1991,
novo capítulo trágico em sua vida pessoal:
seu filho de 4 anos morre ao cair de um prédio.
Cinco anos se passaram após o luto de Clapton
e dois discos ao vivo viraram sucesso, 24 Nights
e MTV Unplugged, que trazia uma homenagem
ao filho - Tears in Heaven. A volta ao
blues aconteceu em 1994 com o disco From the
Cradle, um de seus mais bem-sucedidos álbuns
de crítica e público. Depois de
tocar com o produtor e tecladista Simon Climie
no projeto Retail Theraphy lançou com ele
o disco Pilgrim, seu primeiro disco com
novas músicas desde Journeyman. My Father's
Eye, do disco, entrou para sua galeria de
hits. Depois de um dueto com B.B. King no disco
Riding With The King, lança agora em 2001
o disco Reptile (leia
mais sobre o disco), que traz um repertório
que vai agradar tanto aos puristas do blues quanto
seu público pop.
Ricardo Ivanov / Redação Terra
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