Sensibilidade maternal
Leiam o interessante relato de algo vivido por Lurdes. Ela acertadamente indica a sua condição de maternalidade como propiciadora de um adensamento da sensibilidade. Se é assim com as crianças dos outros que se aproximam da gente, o que dizer, então, das coisas que envolvem nossos próprios filhos. As mães sabem muito bem ao que estou me referindo. Acompanhem essa narrativa bastante impressionante e que, felizmente, acaba coroada por êxitos. Era um dia de sol bem forte e a gente tinha ido passear na praia. Fomos eu, meu marido e os vizinhos com os filhos. Ao todo estávamos em seis adultos, as crianças eram quatro - cinco se contar o bebê que eu levava na barriga e que hoje, já adulta, é minha querida filha Isabella. A garotada sabia que não podia entrar muito para dentro do mar, era praia de “tombo” e, como a gente sempre repetia para todos, o mar é traiçoeiro e perigososo, deve ser respeitado etc. O filho do vizinho já era um garoto mais taludinho, de 14 anos, e ficava como responsável pelos outros. Os adultos de olho e todos bem educadinhos, ali na beirinha, brincando de castelo na areia e curtindo a água só até a canelinha. Os adultos estavam nas barraquinhas, com batidinha de limão e papo animado. Eu, do nada, quando estava mais descontraída, tive uma premonição e percebi sensivelmente que alguma coisa estava errada. Corri para a beira e vi a filha da minha vizinha sendo levada pelo mar - ela já estava a uns doze metros da praia com ondas bem grandes sobre ela. Gritei. O pai da menina e um rapaz que estava por ali buscaram a menina que chorou muito, mais de medo e susto do que da água que bebeu. Acho que, por estar grávida, estava com meu instinto de maternalidade aflorado. Fico muito feliz ao ver essa menina que ajudei ao lado de minha filha, elas são muito queridas.
Marina Gold/Especial para o Terra
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