Saiba quando o afastamento é necessário
Grudar-se nas coisas insistentemente é um equívoco mais do que comum. As pessoas se envolvem, se enfronham, se agarram desesperadas a alguns acontecimentos e, muitas vezes, perdem, exatamente por esse motivo, clareza, discernimento e possibilidade de correção. Mais do que se supõe, esse movimento de insistência tola acontece com bastante freqüência e cobra altas taxas simbólicas ou práticas. Certas situações pedem distância. Quando a temperatura sobe é preciso manter espaço seguro entre você e a fonte de calor. Mas, ao invés disso, optamos por uma maior aproximação, com conseqüências muitas vezes desagradáveis e até mesmo infelizes para nós mesmos e todos os possíveis envolvidos. Na minha prática com vidência, ouço relatos que se assemelham: meu cliente percebe que está diante de um desafio que "não vai dar certo", "caso perdido". A única saída inteligente é o afastamento, um posterior balanço de perdas e danos que leve em conta tudo que se conseguiu evitar de pior. Porém, uma irracionalidade (um destino cármico muito forte) entra em cena e faz com que se insista num desejo de permanecer, que acaba normalmente revertendo em prejuízos bem mais comprometedores. Recentemente, um cliente insistia em resolver uma questão menor, mesmo entendendo que ela comprometeria outra, cem vezes mais importante e significativa. Pois é, o coração humano e suas cavernas. Intolerância infantilizada, insistência burra, repetições birrentas. Essas coisas agregam pouco ao trajeto de evolução espiritual. Você pode estar se perguntando: o que agrega? É simples. Afastar-se. Abrir uma fresta e permitir que as coisas se arejem. É como a janela que deixa passar o sol radiante da manhã. Esse distanciamento serve para contemplar o quadro em sua totalidade. É aquele passo estratégico de recuo que permite formar todo o panorama, abarcar integralmente a situação. Essa possibilidade se apresenta, muitas e muitas vezes, como a mais lúcida e madura: entenda.
Marina Gold/Especial para o Terra
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