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O ser humano, por mais que tenha evoluído, apoiado no incremento cultural e tecnológico, ainda apresenta um forte vínculo com seus instintos anteriores à civilização: aqueles que surgem quando se reage sem pensar ou nos momentos de intuição imperiosa.

Seguir os instintos muitas vezes é embaraçoso. São coisas difíceis de serem ditas, principalmente a pessoas pouco próximas: "não vou por esse caminho, pois tenho a impressão de que algo de ruim pode acontecer"; "não embarco nesse vôo, de jeito nenhum"; "preciso telefonar para casa, alguma coisa grave está acontecendo por lá". Tais impressões não são facilmente compartilhas, pois despertam em quem intui um certo receio de parecer ridículo ou ingenuamente crédulo.

Os outros, por sua vez, tendem a não acreditar. Nem todos, mas uma boa parte das pessoas prefere tentar explicações sem metafísica: "é por causa do filme que você assistiu"; "a causa é o estresse"; "você comeu demais no jantar". Algumas riem e se divertem: "Ah, é? Então me dá o número da loteria", entre outras, digamos assim, grosserias.

Uma das facetas mais desagradáveis desse instinto, dessas impressões que às vezes nos assaltam, é seu lado negativo: mensagens que afloram e revelam aspectos complicados, fenômenos dolorosos. Parece que esses avisos inesperados sempre anunciam circunstâncias de perigo ou de perda. Raro é ouvir alguém dizer: "vou por aqui, porque nesse caminho vou encontrar uma coisa boa"; entre outras possibilidades positivas.

Por que será que tão pouco da nossa intuição está aberta para esse contexto positivo dos desdobramentos do destino? Como sensitiva, que trabalha diariamente com esses desafios, apresento uma faceta importante dessa discussão: o problema parte de um bloqueio que a maioria das pessoas carrega, condicionadas a associarem sensibilidade de percepção ao rastreamento de fracassos ou acidentes.

Se déssemos uma meia-volta completa e perfeita, valorizando o oposto do que empobrecedoramente nos ensinaram em termos de sensibilidade intuitiva, ganharíamos muito ao dominar nossas capacidades espirituais atreladas a tudo aquilo de bom e valoroso que o amanhã pode proporcionar.

Marina Gold/Especial para o Terra