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O que nos resta a fazer é rezar por Eloá

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Muitas pessoas tentam explicar as tragédias "em nome do amor" - como a de Lindemberg e Eloá, que abalou nosso cotidiano ao longo da última semana - a partir das motivações pessoais dos envolvidos.

A explicação habitual para casos assim, marcados pela passionalidade, envolve sempre um acesso de raiva, ciúmes ou um descontrole tal que acaba comprometendo o raciocínio e pode terminar em agressão ou, em caso extremo, em assassinato.

Sempre se ouve falar que essa ou aquela pessoa viveu um momento de loucura. Nossa primeira reação, nesses casos, é tentar explicar o inexplicável. O retrato que tempos de Lindemberg é o de um ser desvairado que cometeu um ato terrível.

Poucos de nós pensamos, porém, que, além da motivação interior do jovem, a sociedade também pode apresentar alguma parcela de culpa nessa tragédia. A forma como a cultura latina, principalmente, encara o amor e seus desdobramentos faz com que muitos acreditem que o amor é algo único, absoluto, insubstituível - ou seja, mais forte do que realmente é. Um engano.

As novelas, os filmes românticos, as canções exageradamente sentimentais levam as pessoas, costumeiramente, a interpretarem de forma equivocada esse sentimento - transformando-o na razão da existência, quando deveria ser apenas um dos seus mais ricos complementos.

Assim, quem acredita que o amor seja o único caminho possível para a vida acaba por se intoxicar, criando vínculos e relações difíceis e perigosas.

A lição que devemos tirar dessa tragédia urbana e contemporânea está na percepção de que o amor não pode ser tomado como tábua de salvação, não pode ser aceito quando desequilibrado ou ligado a impulsos que não celebram a vida.

Agora, o que de melhor podemos fazer é orar pela paz espiritual da menina Eloá, exigir que o culpado acerte sua dívida com a Justiça e, principalmente, que a sociedade amadureça e consiga perceber os limites sensatos do amor. No mais, outros julgamentos ficam sob a responsabilidade da Justiça Divina... dessa, ninguém escapa.

Marina Gold/Especial para o Terra

 
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