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A violência urbana se acentua cada vez mais no nosso país, a ponto de criar situações absurdas. Como todos soubemos por meio da mídia, um rapaz muito jovem, trabalhador esforçado, no início de sua vida adulta, decidindo se casar, resolveu comprar um colchão - o mínimo que se pode ter numa nova casa. Junto com a futura esposa, escolheu a mercadoria e, enquanto a moça efetuava o pagamento, ele foi questionado pelo segurança de plantão e assassinado por ele na porta da loja.

O que teria movido um homem a agir de forma tão irresponsável? De que sentimentos de poder estava acometido aquele indivíduo de arma na mão, que demonstrou acreditar que um revólver lhe daria a condição de julgar alguém pela forma de se vestir, de se apresentar, e mesmo de "fazer justiça"? A impunidade. A certeza da impunidade.

Os mais diferentes crimes se tornam viáveis quando os envolvidos têm conhecimento da morosidade da Justiça, dos recursos insuficientes da polícia e da fragilidade da população cada vez mais confinada, pelo medo de sair às ruas. Não bastassem os numerosos delinqüentes criados pelo meio social inóspito, entrega-se armas a pessoas destituídas de qualquer critério, sem nenhum preparo ou treinamento de base. Foi o que gerou a tragédia.

Sendo que as atitudes humanas se desencadeiam a partir do livre arbítrio que cada ser tem a sua disposição, tudo o que o homem faz é motivado por sua própria escolha. Conceder o poder de uma arma mortal a um indivíduo, sem qualquer pré-requisito, é correr o risco de criar um assassino, conforme provam as evidências. Um exemplo em mil. Situações dessa natureza se multiplicam pelo país afora.

E nós, surpresos e abalados com o acontecimento, o que podemos fazer? De imediato, podemos orar por Alberto e por todos aqueles que, como ele, foram mortos injustamente e sem oportunidade de defesa. Um instante de dedicada energia positiva pode ajudar muito as almas que partiram sem oportunidade de se defender.

Em memória de Alberto Mifonti Júnior

Marina Gold/Especial para o Terra