Sabedoria é acreditar que se pode superar as fatalidades
É preciso cuidado e atenção para não acreditar equivocadamente que nossos problemas não podem ser resolvidos, que estão além do nosso controle, que nos afogarão irremediavelmente. Imaginar que não se pode alterar o destino é ser fatalista. Ao longo de nossa caminhada, enfrentamos diversas situações de provação. Como percebemos, dúvidas e conflitos se apresentam como obstáculo para nosso progresso. Ao longo da vida são freqüentes as barreiras, impedimentos, empecilhos, embaraços. A dúvida, por mais difícil que se mostre, convida à discussão e, ainda que gere hesitação, encaminha numerosas soluções possíveis. A dúvida, pode-se afirmar, é produtiva e aponta para reconstruções de escolhas e trajetórias. O conflito, por sua vez, variando em intensidade, foge das explicações e soluções, esconde-se atrás de imensas complexidades, afetando nosso equilíbrio psicológico, impedindo o curso dos afetos, criando perplexidade e incoerência. O conflito paralisa e torna impraticável seguir sem romper a obstrução, eliminar o estorvo. Nessa perspectiva, felizmente, os conflitos, principalmente os de magnitude, são raros. A grandeza dos desafios com os quais nos deparamos, na imensa maioria das situações, costuma estar em correspondência com as nossas possibilidades de sucesso e ultrapassagem. Se assim não fosse, apenas um diminuto número de pessoas, uma ínfima porção dos seres humanos, seguiria viva. Porém, o que se pode observar cada vez mais freqüentemente são pessoas abatidas e deprimidas. Parte dessa depressão se justifica. Um aglomerado de dúvidas pelo caminho vai sugando energia. Energia que poderá facilmente ser recomposta. Contudo, parte maior dessa energia mal direcionada é desperdiçada com o fatalismo, com uma perda de crença no poder e na vontade humana. Os males que nos cercam costumam ser menos aterradores e absolutos do que nos parecem. Antes de nós, muitos enfrentaram, com recurso e possibilidade menores, situações bem mais dramáticas. À nossa volta as pessoas seguem amedrontadas demais, minando a saúde do corpo e a tranqüilidade da alma. É sinal de sabedoria acreditar que se pode superar as fatalidades.
Marina Gold/Especial para o Terra
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