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Espiritualidade não deve ser usada como justificativa de más escolhas

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A afirmação de que o homem é o único ser de toda a natureza a ter livre arbítrio, ou seja, capacidade de escolha, é bastante correta e perceptível, desde que se observe a realidade com atenção.

Muitas vezes, porém, sem contar com a responsabilidade que as escolhas exigem, seres humanos acabam envolvidos em situações difíceis, complicadas e desesperadoras, que nos custa acreditar que elas tenham sido abraçadas por qualquer pessoa com um mínimo de inteligência ou juízo. É o caso dos alcoólatras, dos dependentes de drogas, dos desesperados do amor, dos inconformados que tem atitudes degradadas, como o roubo, o assassinato, entre outros crimes graves.

Às vezes, a desculpa para os atos infelizes acaba por ser procurada com base na via espiritual: seja na explicação de que é algo terrível ocorrido na encarnação anterior que se repete; seja na certeza de que maus espíritos estão na espreita e fazem o indivíduo agir de forma inadequada. Pode até haver um traço de verdade nessas especulações, porém elas podem ser ineficazes, pois colocações dessa natureza correm o risco de trazer uma aceitação prejudicial à superação dos passos mal dados, dos tropeços pelo caminho torto e inconveniente.

O indivíduo acaba por se convencer de que é acompanhado pelos erros de um passado distante, do qual ele nem se lembra, e nem sabe se é verídico; ou por seres invisíveis, que ele não vê e nem conhece, mas contra os quais ele não sente forças para lutar. Então, ele pensa: "não adianta querer mudar ou melhorar o que já foi vivido, ou aquilo que traz inimigos que não podem ser combatidos". Uma colocação cômoda, que permite sua permanência na situação irregular ou mesmo criminosa.

Aceitar que influências nefastas possam impedir uma pessoa de trilhar o caminho do bem, é quase como negar o direito pessoal de escolha, como duvidar da sabedoria universal que garante o livre arbítrio. Responsabilizar-se pelas escolhas, limpa os horizontes da vida. Sensibilidade e raciocínio colaboram para que se progrida na evolução, que é a única condição para que as pessoas se libertem.

Marina Gold/Especial para o Terra

 
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