São Paulo - A vida dos três renegados do Palmeiras tem sido bastante diferente. O trio Euller, Rogério e Galeano administra de maneira distinta a pressão de não ter seus contratos renovados. E cada um deles com o passe estipulado na Federação Paulista de Futebol (FPF) em R$ 8,6 milhões.
"A estratégia do presidente Mustafá Contursi é clara: ele está nos cozinhando para ver se baixamos nossa pretensão salarial. Mas é um desperdício de tempo. Nós lutamos muito e ajudamos como foi possível o Palmeiras para conquistar os últimos campeonatos que a torcida comemorou. Não merecíamos um tratamento desses", desabafa Galeano. Dos três, ele é o que está mais abalado.
Treinando ao lado de Euller em horários alternativos, Galeano tem mostrado uma dedicação acima do normal. É como se usasse toda a raiva da não renovação para incentivá-lo no treino. "Não tenho tido nem vontade de sair.
“Treino e volto para casa, fico o máximo de tempo com minha família. Tinha oferta do Cruzeiro, do Vasco e do Grêmio. Agora, essas equipes estão praticamente montadas. Espero que este período de incerteza termine logo", diz nervoso. Ainda não sabe se cumpre o que prometeu e entra na Justiça Comum para tentar a liberação do seu passe.
Paciência - Euller, em contraste, é o mais relaxado. Não no treinamento, que está fazendo também com muito empenho. Mas parece que se preparou psicologicamente para passar por esse período de dificuldade sem contrato.
"Não posso fazer nada. Estou preocupado como todos, só que ficar nervoso não vai adiantar. A diretoria do Palmeiras sabe da minha pretensão salarial. E que alguns times querem me contratar. Isso não pode durar indefinidamente.
Apesar de ter sido muito sacaneado pela Parmalat - que prometeu me vender para o Cruzeiro em junho e não cumpriu -, estou tranqüilo. Com um pouquinho de boa vontade, tudo se resolve." A maior esperança de Euller está no interesse do Vasco. O técnico do time carioca, Oswaldo de Oliveira, disse a Eurico Miranda que a contratação de Euller seria fundamental para o Vasco brigar pela conquista da Copa João Havelange.
"Já acertei meus salários com o Eurico Miranda. Não esperava uma resistência tão grande do Palmeiras em me negociar definitivamente. Por empréstimo não teria problemas. Só que quero ir de vez para o Rio de Janerio. Aos 29 anos, os 30% a que tenho direito em uma venda serão muito importantes para meu patrimônio. A negociação acontecerá", aposta. Euller tem aproveitado os fins de semana para viajar para Belo Horizonte, onde tem parentes.
Rogério nem aparece no Parque Antártica. Desde que decidiu brigar na Justiça Comum para conseguir seu passe, o jogador se trancou no seu apartamento, nas Perdizes. O atacante só sai de lá para treinar em uma academia. "Eu continuo tranqüilo. Tenho certeza que meu advogado conseguirá me libertar do Palmeiras. Ou melhor, não do Palmeiras que é um clube que me deu tudo que tenho, da diretoria do presidente Mustafá Contursi. Fui muito mal tratado em todas as renovações dos meus contratos. Não admito mais isso. Sou um profissional como outro qualquer do mercado e não um escravo."
E Mustafá Contursi aproveitou um momento raro de entrevistas, logo após o encontro do Clube dos 13, na sexta-feira, para deixar claro como andam as negociações com o trio.
"Acho que existem algumas chances de até acertarmos a permanência de Euller conosco. Há clubes interessados nele, mas está difícil fechar negócio. O Galeano também vive uma situação parecida. O único que não tem volta é o Rogério. Ele entrou na Justiça Comum, agora terá de arcar com isso", desabafa.