Porto Alegre - Os americanos inflam o peito quando falam do Campeonato Aberto dos Estados Unidos – para eles, o US Open 2000 –, cuja quinzena começa nesta segunda-feira no badaladíssimo complexo de Flushing Meadows, em Nova York. Transpiram orgulho só de pensar em uma final entre Pete Sampras e Andre Agassi, os titãs do que estão chamando de os Anos Dourados do tênis ianque.
Mas o Rei do Saibro Gustavo Kuerten está aí para incomodá-los. O título conquistado no último domingo, em Indianapolis, colocou por terra o único senão de Guga como favorito em Flushing Meadows, de que nunca fora campeão no piso rápido.
Esse título realmente faltava no já invejável currículo do brasileiro, o número 2 do mundo, líder da Corrida dos Campeões há oito semanas e o tenista que mais faturou nesta temporada, com US$ 1.836.070.
"Para mim, foi um alívio vencer na quadra rápida", confessou Guga, depois de derrotar o russo Marat Safin por 3/6, 7/6 (7/2) e 7/6 (7/2) na final. "Agora finalmente ele será reconhecido como um tenista que joga em todos os pisos", declarou o técnico Larri Passos, dando a dimensão da importância da conquista no agradável torneio de Indianapolis.
Os segredos do piso rápido começaram a ser desvendados por Guga e Larri há horas. Eles fecharam os olhos e taparam os ouvidos para os críticos de ocasião, que não entendiam o porquê de a dupla insistir em jogar nas quadras duras, de carpete ou de grama se as vitórias vinham apenas no saibro. Era um aprendizado. No ano passado, o aproveitamento de Guga no piso rápido foi de 20 vitórias em 34 jogos. Agora, ainda faltando três meses para o término da temporada, já são 16 vitórias.
Entre essas está uma igualmente especial: sobre Agassi na semifinal do Masters de Miami, o quinto maior torneio do circuito, em apenas dois sets, 6/1 e 6/4. Depois, na final, veio a derrota para Sampras em quatro sets, sendo os três últimos decididos no tie break, 6/1, 6/7 (2/7), 7/6 (7/5) e 7/6 (12/10). Foi uma partida espetacular, de mais de três horas, na qual Guga aprendeu a lidar com decisões duvidosas do juiz e teve a certeza de que poderia jogar sem medo contra Agassi e Sampras.Quase quatro meses se passaram desde esses confrontos, e Guga chega a Flushing Meadows com o mesmo jeito de quem adora surfar e ouvir reggae, mas com a responsabilidade de um dos principais candidatos ao título do Aberto dos Estados Unidos. É o segundo cabeça-de-chave da competição. Isso, no entanto, não lhe assusta: "Não sinto pressão por estar bem ranqueado e jogando bem. Já aprendi a lidar com o favoritismo".
Também aprendeu a se movimentar nas quadras rápidas, a subir à rede – pelo menos nos momentos em que lhe são favoráveis –, a aprimorar seu conjunto de golpes e a pressionar juízes – como fazem os grandes. E é assim, longe do charme de Roland Garros, torneio que o apresentou para o mundo, em plena terra dos hambúrgueres e da Coca-Cola, que Guga pede espaço ao lado dos titãs do tênis mundial.
NÚMEROS DO PRESTÍGIO
CORRIDA DOS CAMPEÕES
Classificação da segunda-feira passada, 21 de agosto
1º) Guga (BRA) 622 pontos
2º) Magnus Norman (SUE) 533 pontos
3º) Pete Sampras (EUA) 497 pontos
4º) Marat Safin (RUS) 415 pontos
A pontuação nos torneios do Grand Slam:
Campeão 200 pontos
Finalista 140 pontos
Semifinais 90 pontos
Quartas-de-final 50 pontos
Oitavas-de-final 30 pontos
3ª rodada 15 pontos
2ª rodada 7 pontos
1ª rodada 1 ponto
TÍTULOS
Guga tem nove títulos individuais
2000
Indianapolis (rápido)
Roland Garros (saibro)
Hamburgo (saibro)
Santiago (saibro)
1999
Roma (saibro)
Monte Carlo (saibro)
1998
Mallorca (saibro)
Stuttgart (saibro)
1997
Roland Garros (saibro)
PRÊMIOS
Os tenistas que mais ganharam na carreira
1º) Pete Sampras (EUA) US$ 40.308.159
2º) Boris Becker (ALE) US$ 25.079.456
3º) Ivan Lendl (EUA) US$ 21.262.417
4º) Stefan Edberg (SUE) US$ 20.630.941
5º) Andre Agassi (EUA) US$ 20.224.074
31º) Guga (BRA) US$ 6.057.781