São Paulo - Em sua primeira entrevista a uma emissora de rádio desde o início da polêmica que envolve o técnico da Seleção Brasileira, Wanderley Luxemburgo, e a Receita Federal, Renata Carla Moura Alves, que afirma ter sido funcionária de Luxemburgo, garantiu também que namorou o treinador entre 1989 e 1992 e que tem provas contra ele. "Praticamente vivemos juntos no meu apartamento. Sempre tive roupas dele lá, foi uma relação íntima", disse à Rádio Globo.
Segundo Renata, o romance terminou em 92 e no início de 93 ela começou a trabalhar para o técnico. Nessa época, Luxemburgo já era casado e Renata admitiu que foi amante dele, mas que aceitou a situação. Ela afirmou que era notório seu relacionamento, porque ia com Luxemburgo a vários lugares.
Renata Alves comentou, durante a entrevista, que Luxemburgo tinha plena confiança nela. "Ele disse que nós não temos origem. Como ele poderia dar uma procuração - como vocês já tiveram acesso pelo meu advogado, dr.
Fernando - com plenos poderes de tudo, de quitar, pagar e receber, fazer e acontecer?", perguntou. Ela disse que recebia um salário fixo e uma comissão pelos serviços que prestava ao técnico, mas que não tinha horário fixo de trabalho. "O horário que o Wanderley imaginasse, quando se aborrecia no Palmeiras, de madrugada, a hora que fosse, ele tinha que me ligar."
Renata explicou que cuidava de todos os negócios de Luxemburgo: "Eu arrematava para ele e fazia as compras e ele revendia. Ele tinha uma empresa de veículos, a Luxemburgo Veículos, no Grajaú (zona sul). Era ali que eu entregava os carros e era ali que os veículos eram vendidos ou consertados, não sei; ele tinha uma oficina mecânica chamada Vimape." Ela afirmou que comprava tudo para o técnico, inclusive, fazendas e tratores.
Renata negou ter acesso à declaração de renda de Luxemburgo. "Wanderley tinha noção de tudo o que fazia, ele é um homem esperto, inteligente e fez tudo planejado. A intenção dele era realmente me fazer ficar de frente para tudo acontecer em cima de mim. A Receita procurou foi a mim e não ao Wanderley."
Problemas com o Detran - Por fazer os negócios em seu nome, Renata diz que está com problemas até no Departamento Estadual de Trânsito (Detran) - teve a Carteira de Habilitação cassada por excesso de pontos -, porque há vários veículos circulando em seu nome.
Renata disse ter conhecimento de que Luxemburgo ganhava comissões em cima de transferências de jogadores contratados por clubes para os quais trabalhava, mas se recusou a entrar em detalhes. Disse apenas que tem provas e que falará à imprensa e à Receita Federal nesta semana.
Finalmente, reclamou do assédio da imprensa, que a obrigou a se afastar do Rio de Janeiro: "Não tenho mais paz, perdi totalmente a privacidade e meu direito de ir e vir".