Rio - Uma reunião da Fifa nesta quinta-feira em
Zurique, na Suíça, vai decidir a estratégia da entidade para enfrentar a
Comissão Européia, que pretende mudar as regras de transferência de
jogadores de futebol no velho continente. A Comissão, órgão executivo da
União Européia, defende que o sistema em vigor limita os direitos
trabalhistas dos atletas, impede a livre mobilidade dos mesmos, aumenta a
inflação e contribui para o caos no futebol. Por isso, propõe uma nova
regulamentação, que permitiria aos jogadores trocarem de clube antes de seus
contratos serem encerrados. Ao mesmo tempo, a Comissão reconhece que os
clubes têm direito à recuperar o que chamam de gastos de formação de
jogadores e a receber indenizações no caso de negociações de atletas com
contratos ainda por cumprir.
A Fifa tem até meados de setembro para apresentar sugestões de
mudança no sistema atual. Caso contrário, as regras de transferência vigentes
serão declaradas ilegais pela União Européia.
O debate, apesar de antigo, estava arquivado há tempos e a decisão
de reabri-lo obrigou as associações de jogadores e outros setores ligados ao
futebol a definirem uma posição a respeito do assunto. Entidades como a
União Francesa dos Jogadores de Futebol Profissional já se declararam
favoráveis às mudanças defendidas pela Comissão Européia, que na opinião do
presidente da Fifa Josep Blatter só aumentariam a distância entre equipes
ricas e pobres.
- Creio que cabe à Fifa tomar as decisões à respeito das
transferências de jogadores. Vou dizer à estes senhores da Comissão que não
imponham as regras da União Européia ao nosso esporte - disse Blatter ao
jornal francês Le Monde. Para a reunião de quinta-feira em Zurique foram
convocados representantes da Uefa, da Associação Européia de Ligas e da
Federação Internacional de Jogadores Profissionais.
A Comissão parece disposta como nunca à impor limitações ao poder
transnacional da Fifa, que muitas vezes se sobrepõe às legislações dos
países. O órgão europeu espera que a entidade máxima do futebol mude o
sistema atual de transferências, pois teria se transformado num mercado
multimilionário cujas principais estrelas atuariam como "escravos de luxo".