Rio - Na era das parcerias milionárias, dos contratos altamente lucrativos e dos jogadores muito bem remunerados, o Botafogo, à procura da solução para os problemas financeiros e à falta de identidade dos ciganos da bola, vai inovar para o ano de 2001: priorizar os prata-da-casa e, mais do que isso, manter no elenco no máximo quatro jogadores com salários de R$ 50 mil.
“Não dá para pagar os salários astronômicos com essas rendas. Vamos ficar com três ou quatro jogadores recebendo bons salários e o resto do elenco vai ser formado por garotos para o ano que vem”, disse o presidente do Conselho Deliberativo do Botafogo, Carlos Augusto Montenegro.
A mudança de idéia, com certeza, expõe o Botafogo ao risco de passar por maus momentos em 2001. Montenegro, o mentor da idéia, diz que isso é possível graças à fórmula de disputa da Copa João Havelange, que não tem descenso.
“Como a Copa João Havelange, não tem ascenso e descenso, vamos fazer uma revolução. A senha é aproveitar a garotada”, afirmou.
Nem a possibilidade de a torcida exigir títulos, o que origina cobrança desenfreada, demove Montenegro do pensamento. O dirigente afirma com todas as letras que os botafoguenses assimilam até uma derrota dos garotos criados em casa, mas não aceitam ver os medalhões perderem um ponto sequer.
“A torcida prefere perder com os garotos em campo do que com jogadores que deixam o clube da noite para o dia”, disse.
Montenegro recorre ao Atlético Paranaense, algoz da última quarta-feira, para justificar a idéia e seguir a linha de raciocínio.
“O Atlético está hoje entre os três melhores times do Brasil porque priorizou a prata-da-casa”, falou.
O primeiro da lista é o lateral-direito Leandro. Logo após a derrota para o Atlético Paranaense, Montenegro fez um apelo ao técnico Joel Santana para efetivá-lo entre os titulares para o clássico com o Fluminense, amanhã, no Maracanã. “Quero ver o Leandro em campo. Fiz esse apelo ao Joel. Ele tem que jogar, não tem essa de ser jovem.”