São Paulo - Uma manifestação pacífica, com cerveja, churrasco e a participação da bateria da torcida uniformizada, que também é escola de samba, é o que promete a Gaviões da Fiel para o início da noite desta sexta-feira. O protesto será fechado com o enterro simbólico do presidente do clube, Alberto Dualib, e o diretor remunerado de futebol, Carlos “Nei” Nujud. Entre uma crítica e outra aos dirigentes, os torcedores vão festejar os 90 anos de fundação do clube.
José Cláudio de Almeida Moraes, o Dentinho, presidente da uniformizada, garante que tomou o cuidado de evitar que o protesto pela má campanha do time na Copa Mercosul e na Copa João Havelange acabe em tumulto e invasão ao clube. Como aconteceu na volta dos jogadores das férias, quando a Gaviões transformou o Parque São Jorge numa praça de guerra, encurralou e tentou agredir os jogadores, o que acabou provocando a saída do clube do atacante Edílson que, revoltado e assustado com a ousadia dos torcedores, acabou forçando a sua transferência para o Flamengo.
“Desta vez não vai ter invasão. Avisamos a polícia sobre a manifestação, que será ordeira e terá como objetivo principal festejar o aniversário do Corinthians”, afirma Dentinho. Os 90 anos serão comemorados com 100 caixas de cerveja, 400 quilos de carne e um bolo de 15 quilos. O início da festa está programado para às 21 horas, do lado externo do portão principal do clube, no Tatuapé, na Zona Leste.
Após o “Parabéns a Você”, e muito antes do último gole, começam os protestos. O alvo não será os jogadores e muito menos Oswaldo Alvarez, o Vadão, o técnico do time. “A grande culpada por tudo que está acontecendo é a diretoria, comandada pelo Alberto Dualib. “Não podemos protestar contra a Hicks Muse (patrocinadora do Corinthians). A empresa não tem nem um representante oficial no clube. O José Roberto Guimarães não representa a empresa dentro do clube. Oficialmente ele saiu, depois de entrar em conflito com a diretoria de futebol”, lembrou Dentinho.
“Queremos saber o que o Dualib fez pelo clube nestes 30 dias que ficou na Europa. Ele é um presidente omisso. Só aparece na hora da festa e para passear de navio com o Farah”, ironizou o presidente da Gaviões, referindo-se ao passeio de navio que Eduardo José Farah, presidente da Federação Paulista de Futebol, promoveu ano passado na festa de lançamento do Campeonato Paulista e da qual Dualib participou, ao lado de outros presidentes de clubes.
Para Dentinho, o atual estágio corintiano não difere em nada do período em que o clube não tinha contrato de patrocínio com a Hicks Muse. “O futebol do Corinthians continua sendo dirigido amadoristicamente. Após a eliminação do time da Libertadores da América não foi feito nenhum planejamento, nenhuma reformulação. A atual equipe de futebol que representa o clube na Copa Mercosul e na Copa João Havelange é composta por juniores. Não podemos exigir nada deles”, afirmou.
Nem as prováveis contratações do volante Djair e do atacante Muller, que devem ser anunciadas nesta sexta-feira, servem para atenuar as críticas da Gaviões. “São contratações para apagar incêndio, sem planejamento. Muller e Djair são quebra-galho”, fustiga Dentinho. Procurados para responder as críticas do dirigente da uniformizada, Alberto Dualib e Carlos “Nei” Nujud não foram encontrados.