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O atarefado prefeito da Vila de Babel
Quarta-Feira, 06 Setembro de 2000, 08h20

São Paulo - Não foi uma eleição e sim uma indicação. Mas Graham Richardson é hoje o prefeito da cidade mais democrática do planeta: a Vila Olímpica, em Sydney. São 199 países representados por 10 mil atletas, quase outros 5 mil oficiais e ainda mais: os trabalhadores de apoio "não-residentes". Todos convivendo com ruas limpíssimas, lavanderias em pontos espalhados, ônibus à vontade, refeitório com nutricionista e muita variedade de comida, espaços para lazer, policlínica. De graça.

Para todas as raças, credos e posições políticas, sem discriminações de sexo ou idade. Convivendo em 513 casas permanentes, 329 modulares e 355 apartamentos, todas construídas com tecnologia de última geração - o que no caso dos australianos implica sempre em cuidados com o meio ambiente. "A energia solar produzida aqui na Vila Olímpica sobra para abastecer a própria Sydney", conta o orgulhoso representante do Partido Liberal que foi nada menos que deputado (entre 1971/83), senador (1983/94) e ministro de quatro pastas: "Primeiro, fui de Artes, Esportes, Meio Ambiente, Turismo e Territórios. Depois, de Serviços Sociais. E de Transporte e Comunicações.

Por último, de Saúde. Na verdade, se é trabalho difícil, me chamam..." Graham Richardson foi escolhido por John Coates, seu amigo que é presidente do Comitê Olímpico Australiano e do Comitê Organizador da Olimpíada de Sydney, o Socog - de onde o "prefeito" também foi diretor, por cinco anos.

"É preciso muita experiência e principalmente conhecimento de particularidades e detalhes para comandar a Vila Olímpica, para que os atletas se sintam bem. Assim, assumi o cargo há dois anos e meio e acompanhei todo o planejamento e a construção das casas. Desde o primeiro dia. Direto com os construtores, verificando cuidadosamente cada detalhe."

Em sua descrição, o trabalho "é duro mas tende a melhorar com o tempo se a gente resolve os problemas que aparecem o quanto antes". Richardson completa: "Quando as competições começaram (no dia 15), espero que as coisas estejam todas no devido lugar. Se eu estiver conseguindo ir ver muitos eventos, tudo estará indo bem. Essa é a minha medida."

(O prefeito diz que pretende ver muita coisa... E deve conseguir, já que tem uma vice-prefeita, Sally Atckinson, para os assuntos protocolares, como o hasteamento de bandeiras das 199 delegações que forem entrando na Vila Olímpica - ele mesmo vai em apenas oito delas - e Maurice Holland, um gerente-geral que foi recrutado no melhor resorte da Austrália, em Coolum, Norte de Brisbane, que há uma ano e meio já resolve todo tipo de problemas e "sem o qual" - deve ser verdade - "nada disto seria possível".) Richardson gosta de lembrar que a Vila Olímpica é apenas um dos braços da Olimpíada e que a força-tarefa mesmo é conseguir que todos os braços trabalhem bem e juntos: do credenciamento (são 175 mil credenciados na Olimpíada de Sydney) ao transporte, até os ingressos.

Por enquanto, não pode dizer que esteja ouvindo reclamações. Só elogios, garante: "Todos estão dizendo que nunca viram uma Vila Olímpica tão boa." A configuração das casas com as respectivas delegações não é um assunto que deixe o prefeito muito à vontade. Envolve delicadíssimas questões política e ainda de segurança. Por isso, prefere dizer que não foram todos os países que puderam escolher onde iriam ficar (no caso do Brasil, sim). "A gente também determina pelo tamanho da delegação. Vamos dizer que procuramos cooperar do melhor modo que pudemos."

O prefeito entrou em sua "cidade" na sexta-feira, um dia antes de ser aberta aos atletas. Vem andando pelo meio deles - e de oficiais de cada país, além de 7 mil voluntários - faz sua caminhada diária (de 15 minutos) porque está querendo entrar em forma (!), em alguma parte do dia, depois de levantar para o café da manhã às 5h30 e das reuniões com chefes de delegações às 7h30. Por enquanto está perdendo seu programa predileto de rádio - dele mesmo, de comentários políticos - justamente nesse período. Visita as delegações, procura ouvir e resolver pedidos. Às 23h está dormindo.

Quando terminar a Olimpíada, terá um dia de descanso e estará de volta ao rádio e aos comentários Europa, explica o prefeito-político do conervador Partido Liberal, que atualmente detém o poder do governo central mas perde nos governos dos Estados e grandes cidades. "Nós estamos voltando", diz, rindo. A frase bem-humorada soa quase como uma ameaça do prefeito da Vila Olímpica, que será o coração da cidade mais importante do mundo nos próximos 20 dias: Sydney é de seu rival, o Partido Trabalhista.

Jornal da Tarde


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