Camberra (Austrália) - A decisão do tenista Gustavo Kuerten de não participar dos Jogos Olímpicos de Sydney foi o assunto que movimentou o dia, nesta quarta-feira, entre os atletas brasileiros que já estão treinando na capital australiana. Todos tentavam entender a complicação que envolve as marcas de patrocinadores antes de dar opinião sobre a polêmica questão.
No final, a maioria lamentou a ausência do tenista brasileiro. "Gosto muito do Guga, eu, meu pai e minha mãe somos fãs dele, mas eu acho que ele pisou na bola", afirmou o nadador Luiz Lima. "Ainda mais por ele ser patrocinado por uma estatal, o Banco do Brasil; já pensou quantos atletas da natação aquele patrocínio poderia financiar?"
Gustavo Borges, que foi citado pelo presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, Carlos Arthur Nuzman, como um dos atletas que poderiam exigir tratamento igual ao de Guga, caso o COB cedesse, lamentou a ausência do melhor tenista do País, considerado não só uma das estrelas da equipe brasileira, mas também da Olimpíada. Nuzman citou o chamado efeito cascata, observando que, caso aceitasse a proposta dos patrocinadores do tenista, outros atletas, como Robert Scheidt, Torben Grael, Sandra, etc, também poderiam sentir-se no mesmo direito e reivindicar o uso da marca de seus patrocinadores. "Eu sou fácil", disse Gustavo. "Se ele não vem, vamos falar de quem está aqui."
Fernando Scherer, o Xuxa, que como Guga é de Santa Catarina, disse que sempre torce pelo amigo de infância. "É uma grande pessoa, vai fazer falta."
Coaracy Nunes, presidente da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA), acha que a Diadora tomou uma decisão errada. "Abriu mão de explorar, nos próximos anos, um possível bom resultado olímpico de Guga", opinou. "Se eu fosse o diretor de Marketing repensaria sobre isso."
O atacante Nalbert, da seleção brasileira de vôlei, também lamentou. "É uma pena, o Guga é o maior ídolo do esporte brasileiro na atualidade, eleva o nome do País em competições importantes e agora fica fora de uma Olimpíada por causa de problema extra quadra", afirmou. "Faltou um pouco de bom senso a todos envolvidos."
O técnico da seleção, Radamés Lattari, classificou a ausência do tenista como um `grande pecado'. Mesmo sem entender exatamente sobre os contratos, acha que deveria haver uma forma de acordo para Guga competir em Sydney.
A lateral Janeth, da seleção brasileira feminina de basquete, disse que o Brasil pode deixar de ganhar uma medalha sem Guga, mas afirmou que entendia as razões do tenista.
Ela própria questiona o fato de os atletas terem de abrir mão de direitos de exploração pessoal de imagem em favor do COB e das confederações.
O Estado de S.Paulo