Ashmore, Austrália - Os 48 componentes da delegação brasileira de futebol na Austrália são chefiados pelo presidente da Federação Mineira de Futebol, Elmer Guilherme, um homem afável e disposto ao diálogo nas horas brandas, mas capaz de cobrar com firmeza e poucas palavras as recomendações da cúpula da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Ele deixou claro, por exemplo, que não vai admitir a interferência de problemas pessoais do técnico Wanderley Luxemburgo na equipe olímpica. "Se isso acontecer, eu chamo a atenção dele, tenho essas prerrogativas." Guilherme é convidado do presidente da CBF, Ricardo Teixeira, na comitiva hospedada no luxuoso Hotel Royal Pines, em Ashmore.
Ele costuma conversar diariamente com Ricardo e o secretário-geral da entidade, Marco Antonio Teixeira, de quem ouve perguntas sobre o trabalho da comissão técnica e o convívio entre os jogadores. "É uma preocupação normal, de saber como andam as coisas", contou Guilherme. Em 14 anos como dirigente de futebol, jamais havia recebido convite da família Teixeira para acompanhar a seleção. "Se perceber que algo não está correto, eu tenho de intervir."
Guilherme conta com o apoio irrestrito dos principais clubes de Minas Gerais e viaja sempre com as equipes do Cruzeiro e Atlético para jogos da Copa Mercosul ou da Taça Libertadores da América.
Eventualmente, também assiste partidas do Campeonato Brasileiro, fora de Minas, em que estejam envolvidos clubes de sua federação. "Meu papel aqui é não deixar o grupo fugir do espírito olímpico. É por isso que passo todas as informações para os doutores Marco Antonio e Ricardo Teixeira.
O estudante paulista Marcelo Junqueira e um grupo de vizinhos de Brisbane vão levar cartazes para o Estádio The Gabba em protesto contra o técnico Wanderley Luxemburgo, a quem acusam de tê-los intimidado após jogo-treino da semana passada, em Gold Coast, quando uma faixa aberta na arquibancada cobrava a presença de Romário na Olimpíada.
Junqueira contou que foi interceptado por Luxemburgo em campo e não gostou da atitude do treinador. Ele assistiu nesta segunda-feira ao treino da seleção no Gold Coast Stadium e disse que recebeu a solidariedade dos parentes, em São Paulo, para criticar o comportamento do técnico. "O mundo mudou e a liberdade de expressão tem de ser respeitada, tanto na Asutrália como no Brasil", afirmou.
Fabiano e Geovanni estão recuperados de contusão e são nomes certos no jogo de estréia do Brasil, contra a Eslováquia, quinta-feira, em Brisbane. Luxemburgo só vai anunciar nesta terça-feira a escalação da equipe. Existe a expectativa de que o zagueiro Lúcio seja incluído como titular. A dúvida do treinador é realmente nesse setor, talvez o mais privilegiado do time, com quatro jogadores em condições de atuar: além de Lúcio, ele dispõe de Álvaro, Fábio Bilica e André Luís - todos em boa forma física e técnica. Nesta terça-feira, haverá um treino de reconhecimento no The Gabba.