Sydney -Preocupação e ceticismo. Estes são os sentimentos de Adhemar Ferreira da Silva sobre as chances do atletismo brasileiro em Sydney. Na opinião do brasileiro que mais entende de ganhar medalhas, a equipe tem poucas chances de pódio e ainda foi muito prejudicada pelo frio
durante sua estada em Canberra. Adhemar esteve nesta quarta-feira na festa
de inauguração da Casa Brasil, no Australian Technology Center, em Sydney,
e, segundo ele, a equipe brasileira é composta por muitos atletas novos e
inexperientes, o que torna difícil a expectativa por medalhas.
Para o
bicampeão do salto triplo em Helsinque-52 e Melbourne-56, apenas três
modalidades podem sonhar com medalhas: os 200m rasos, com Claudinei Quirino,
o revezamento 4x100m, que conquistou o bronze em Atlanta, e os 400m com
barreiras, com Eronildes de Araújo. Segundo Adhemar, os demais atletas
brasileiros são muito jovens e poderão render melhor daqui a quatro anos.
O bicampeão analisa o atletismo brasileiro como algo cíclico, em que valores
aparecem em modalidades nas quais há grandes ídolos e não como uma escola
que revele valores por sua capacidade de treinamento. Como exemplo, usou sua
carreira para mostrar que, após ele, surgiram Nélson Prudêncio e João Carlos
de Oliveira. Mais tarde, após Joaquim Cruz vieram Zequinha Barbosa e Agberto
Guimarães. E, por fim, após Róbson Caetano, apareceram Claudinei Quirino e
André Domingos - todos mais frutos do acaso e da própria dedicação do que de
uma política de apoio ao esporte.
Leia abaixo a análise de Adhemar Ferreira da Silva sobre os brasileiros que
competirão no atletismo em Sydney:
Claudinei Quirino: Está muito bem, mas tem pelo menos seis grandes
adversários contra ele. Espero que ele nos dê uma surpresa e acabe chegando
ao pódio.
Eronildes Araújo: Ele já possui uma boa experiência em Olimpíadas, e poderá
ser um medalhista.
Revezamento 4x100m: Está bem treinado na passagem do bastão. Se estiverem
bem como parecem que estão, é possível que estejam entre os finalistas e até
no pódio.
Maerren Maggi: É uma menina, que pela primeira vez disputa uma Olimpíada, e
isso pode pesar para ela. Ela deverá estar mais bem preparada para Atenas.
Nélson Ferreira: Pode ser uma surpresa, mas é muito difícil. Ele tem
saltado 8,18m, que é uma boa marca. Mas seu adversário é o cubano Iván Pedroso, que é o grande favorito ao ouro.