Brisbane - Cada jogador e integrante da comissão técnica da seleção brasileira de futebol recebe diária de US$ 100 na Austrália. Todos têm hospedagem, transporte e alimentação custeados pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Essa despesa com diárias será superior a US$ 100 mil e poderá chegar aos US$ 120 mil se a equipe classificar-se para a fase final do torneio.
Esses números revelam o contraste entre o poder do futebol na Olimpíada e a maioria dos esportes com representantes do Brasil nos Jogos - muitos atletas de outras modalidades vieram para Sydney sem receber nenhuma ajuda de custo.
O presidente da CBF, Ricardo Teixeira, chegou anteontem a Brisbane, visitou rapidamente o hotel da delegação, o Royal Pines Resort, em Ashmore, e manteve-se em silêncio sobre as mordomias da equipe. Ele se recusa a dar entrevistas.
O prêmio pela eventual conquista da medalha de ouro tem sido mantido em sigilo. Quem o estipula é o secretário-geral da CBF, Marco AntonioTeixeira, em acordo com Ricardo. Os jogadores nem tocam no assunto. Eles sabem que o título facilitaria transações milionárias, com leilões de clubes europeus para a aquisição de seus passes.
Se a seleção brasileira terminar a fase inicial em primeiro lugar, ela vai continuar jogando em Brisbane na quarta-de-final. Superando mais essa etapa, disputaria a semifinal em Melbourne, onde ficaria hospedada, a princípio, num hotel mais simples indicado pelo Comitê Organizador da Olimpíada. Isso já vem sendo tratado pela coordenadoria administrativa da comissão técnica.
A idéia está associada às críticas recebidas pela CBF por ter aberto mão de manter os jogadores na Vila Olímpica e optado por um dos hotéis mais luxuosos de Gold Coast, região turística do litoral sul daAustrália. A principal justificativa do técnico Wanderley Luxemburgo para a não-permanência do grupo na Vila é a distância entre Sydney e Brisbane, a sede dos jogos do Brasil. A viagem de avião entre as duas cidades dura 1h25.
Curiosamente, a seleção não quis ficar em Brisbane e preferiu GoldCoast. E o tempo gasto com a viagem de ônibus entre os dois locais é praticamente o mesmo, pouco mais de uma hora. Há uma razão bem clara para essa decisão. Na Vila, não haveria como a CBF abrigar as 48 pessoas credenciadas para a Olimpíada. Só pela comissão técnica há 22 profissionais à disposição dos jogadores e, no alojamento dos atletas, em Sydney, somente sete desses 22 poderiam ficar hospedados.
Isso ficou comprovado nos três dias em que esteve na capital olímpica, para o jogo-treino disputado domingo contra o Club Marconi, quando a equipe teve de se dividir. A maior parte dos auxiliares de Luxemburgo hospedou-se no Hotel Star City, um dos mais sofisticados de Sydney e onde há um concorrido cassino.