Sydney - A pressão pegou Claudinei Quirino. O principal velocista brasileiro reconheceu que sentiu o peso da responsabilidade de trazer uma medalha para o Brasil no meeting de treinamento realizado na quinta-feira na pista ao lado do estádio Olímpico de Sydney.
"Estou fazendo o meu trabalho com amor e seriedade. Mas dá um pouco de medo. A imprensa faz de você um herói e se não ganhar é o vilão,'' disse ele à Reuters durante o meeting. "Sei que cheguei bem até aqui. Mas estou pensando na volta. Só penso que depois posso ser crucificado (se não conquistar medalha)."
Quirino se daria por satisfeito se chegasse à final dos 200 metros. "Esse foi o objetivo estabelecido por mim e pelo meu técnico,'' disse. "Em medalha mesmo eu só vou pensar quando chegar na final. Sou pé no chão'', conta ele.
Pelo seu histórico, Quirino não parece ter nada a temer. Ele conquistou a medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos de Winnipeg, no Canadá, em 1999, em nada menos que duas provas: os 200 metros e o revezamento 4x100m, além de ter obtido a prata nos 4x400m e o bronze na concorrida prova dos 100 metros.
Apesar de o Brasil ser forte favorito para a prova do revezamento, Claudinei confessa que prefere entrar na pista para competir sozinho.
"Sou meio individualista. Prefiro sempre correr o individual. Se errei, pelo menos errei sozinho. Se acertar, acertei sozinho", afirma.
Para Quirino, outro fator que provoca uma certa tensão dentro da equipe masculina é a prova de revezamento, realizada com quatro atletas. O Brasil conta com seis velocistas na delegação. Ou seja, dois serão excluídos quando a grande hora chegar.
"Todo lugar tem clima de rivalidade. Temos um grupo forte de seis velocistas. É claro que cada um tenta puxar a sardinha pro seu lado'', disse o atleta.
A tensão pré-olímpica tende a ser compensada, porém, quando os jogos acabarem -- umas merecidas férias de três meses, prometidas por seu técnico. "Desde o começo do ano não paro em casa. Depois do descanso, vou passar uma temporada na Europa", planeja o atleta.