Jaú - A família Schmidt, de Jaú, teve dois motivos particulares para comemorar a vitória da seleção, nesta quinta-feira na Austrália. Um deles é o primeiro gol, marcado pelo filho, o atacante Edu. O outro motivo é que Fábio Aurélio, autor do segundo gol, também já é considerado membro da família: no próximo mês, Edu vai se casar com a irmã do lateral, Fabiana.
"A mãe do Fábio, lá em São Carlos (SP), deve estar morrendo de felicidade, como eu" - disse dona Maria Helena, mãe do jogador jauense, logo depois do segundo gol brasileiro.
Dona Maria Helena, seu Luiz Carlos, o pai, as duas irmãs, o irmão caçula, tio, primos e sobrinho levantaram cedo e não desgrudaram da tv na sala da casa modesta do Jardim Estádio, onde Edu cresceu. Alguns tiveram de se ausentar para compromissos do horário, mas voltaram para a comemoração.
No final do jogo, o pai que, na juventude, jogou futebol e organizou campeonatos rurais nas fazendas onde morou, disse que o jogo foi suado, mas "não alteraria em nada o que o Luxemburgo fez". Ele acredita que os próximos jogos desta fase serão mais tranqüilos.
Silvana, a irmã mais velha, lembrava que, meses atrás, chegou a dar entrevista para a TV regional dizendo que o irmão iria à Olimpíada e disse agora "não ter dúvidas" de que ele estará na Copa do Mundo. Emocionada, lembrou que para chegar até a seleção o jogador teve uma longa e difícil caminhada.
Edu começou a jogar quando a família ainda morava na fazenda. Há 10 anos os Schmidt vieram para a cidade e ele passou a jogar em times amadores até que, em 95, foi profissonalizado no XV de Jau, pelo técnico Poy que, no ano seguinte, o levou para o São Paulo.
"Foram tempos difíceis em que a família tinha poucos recursos e chegamos até a remendar a chuteira dele com linha de pescar", relembra a irmã, dizendo que agora a vida mudou e o jogador já deu carro novo e construiu uma casa melhor, quase pronta, para o pai e a mãe e deverá levar a família para passar as festas de fim de ano com ele e Fabiana em Vigo (Espanha), onde passará a jogar em razão da venda de seu passe ao Celta.
Do começo ao fim do jogo, a família esteve atenta e cautelosa, comemorando apenas nos gols e em lances em que o filho participava. O nervosismo tomou conta de todos, inclusive de dona Maria Helena, no final, quando o árbitro deu os 4 minutos de prorrogação e o placar era de 2x1. Só o terceiro gol os aliviou.
Terminada a comemoração, todos foram ao trabalho, com exceção do irmão Douglas, de 13 anos, e do sobrinho Luiz Miguel, de 9, que foram para o treino nas equipes de base do XV de Jaú, na tentativa de seguir os passos de Edu.