Sydney - Uma fogueira indígena sagrada foi acesa nesta sexta-feira em Sydney perto da chama olímpica. Com essa atitude, os aborígines australianos querem mostrar, diante das câmeras e atletas de todo mundo, o outro lado do país que sedia os Jogos.
Desde o final de julho, descendentes dos primeiros habitantes da Austrália instalaram mais de cem acampamentos em um parque de Sydney. O objetivo é exigir do governo australiano que peça desculpas pela guerra não declarada de brancos contra nativos, que já dura 212 anos.
A fogueira representa as "mortes, danos psicológicos, migrações, doenças e temores" que foram o saldo dos últimos séculos.
Apesar de estarem separados pelo oceano Pacífico, as reivindicações dos aborígines australianos são quase idênticas às dos índios da Venezuela, Chile e Brasil: terra, respeito aos costumes de seus ancestrais e liberdade para ir e vir como o resto dos cidadãos.
"Não estamos protestando contra os Jogos Olímpicos. A Austrália conseguiu ser sede deste importante evento porque a China, que era sua rival, não cumpriu as condições necessárias de respeito aos direitos humanos", afirmou Isabell Coe, representante dos aborígines.
Os indígenas australianos não chegam a 390 mil em um país de 18,5 milhões de habitantes. A esperança de Coe e seu povo era que o governo conservador de John Howard pedisse desculpas pela repressão dos últimos 200 anos.
Depois da repercussão dos protestos indígenas, todas as esperanças aborígines de que seu grito seja escutado fora da Austrália ganhou mais um aliado: Cathy Freeman, campeã do mundo nos 400 metros rasos, prometeu subir ao pódio com a bandeira de seu povo, vermelha, preta e amarela.