Sydney - Enquanto o mundo assistia à cerimônia de abertura dos Olimpíadas, alguns aborígenes que pretendiam contar sua verdadeira história encontraram-se numa vigília quase solitária. Ironicamente, os aborígenes que participaram do show sobre a colonização e a antiga história da Austrália foram a sensação da cerimônia de abertura na noite de sexta-feira (manhã no Brasil), que omitiu o que eles chamam de invasão - a chegada dos colonizadores brancos em 1788 e o subseqüente massacre dos povos originais da região.
"Essa é uma outra história. Há outros assuntos sérios que devem ser retratados", afirmou uma mulher aborígene, enquanto 3,7 bilhões de espectadores acompanhavam a cerimônia pela televisão em todo o mundo, além das 100 mil pessoas que estavam presentes no Estádio Olímpico.
Não havia televisões ou rádios acompanhando a movimentação no local onde estavam os aborígenes durante a cerimônia - eles ficaram à mercê discutindo estratégias para os próximos dias. Mas, ficaram orgulhosos com o fato de os aborígenes terem ajudado a dar início à XXVII Olimpíada - para a Austrália aborígene é consenso de que isso fará o mundo saber de sua existência.
"Isso é muito bom, pois o mundo precisa aprender a nosso respeito", afirmou Isobel Coe, líder da delegação aborígene. "Mas o mundo precisa saber da nossa saga", acrescentou.
Os aborígenes esperam que as bandeiras proclamando "Autodeterminação, Soberania" atrairão os olhos do mundo para o seu sofrimento. Eles dizem que o primeiro-ministro, John Howard, "retirou" da história da Austrália os abusos e as injustiças contra os aborígenes, que representam 2,1% (ou 400 mil pessoas) de uma população de 19 milhões. A expectativa de vida dos aborígenes de menos de 20 anos.
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