Sydney - Nem tão encantadora como a seleção que foi à Barcelona, em 1992, com Michael Jordan e Magic Johnson, na primeira participação olímpica dos profissionais do basquete da NBA. Mas nem tão arrogante como a dos Jogos de Atlanta, em 1996. Um Dream Team jovem, como define o armador e capitão Jason Kidd. Formado por jogadores que "poderão dar aos filhos o orgulho de dizer na escola que tiveram um pai campeão olímpico", na avaliação do armador e também capitão Gary Payton. De qualquer modo, a seleção dos Estados Unidos foi a Sydney para buscar mais uma medalha de ouro, confirma o terceiro capitão, Alonzo Mourning, a partir deste domingo.
Um time que não se hospeda na Vila Olímpica, juntamente com os mortais, e cujos contratos com as diversas franquias da NBA, somados, chegam à casa dos US$ 108 milhões de dólares por ano. É, provavelmente, o time mais caro dos Jogos (o beisebol não trouxe os seus profissionais e o futebol é mesmo um mundo à parte entre os esportes olímpicos).
Uma equipe milionária, apesar de formada por jovens jogadores - o que reflete a própria renovação da NBA - e estreantes em Olimpíada, como Vince Carter, do Toronto Raptors, de 23 anos. Gary Payton, de 32 anos, é o único que esteve na conquista da medalha de ouro em Atlanta, nos Jogos de 96. Jason Kidd, de 27 anos, comentou que assistiu pela tevê a vitória do primeiro Dream Team em Barcelona.
Ficaram evidentes as preocupações dos 12 jogadores do Dream Team de valorizar a participação olímpica. A uma pergunta de um jornalista dinamarquês, que indagou se eles preferiam ganhar o ouro olímpico ou o campeonato da NBA - nenhum dos 12 jogadores que está com a seleção tem um título da liga norte-americana de basquete -, Gary Payton respondeu "que a medalha é para o resto da vida."
Outra preocupação em valorizar os Jogos de Sydney pode ser interpretada pela decisão de Alonzo Mourning, de 30 anos, que já disputou dois Mundiais (na Argentina, em 1990, e no Canadá, em 1994), mas faz a sua primeira Olimpíada. Mourning, que vai ser pai pela segunda vez, perderá duas partidas para acompanhar o nascimento da filha. Mas vai voltar à Austrália até o dia 26, a tempo de disputar as quartas-de-final, a partir do dia 28.
O Dream Team jovem vai estrear no domingo, às 7h30 (horário de Brasília), contra a China, que tem, provavelmente, o maior atleta da Olimpíada. Ming Yao, um pivô de 2,27 m, que pode tocar o aro da cesta, a 3,05 m de altura, sem ter de tirar os pés do chão. E ninguém tem dúvidas que os Estados Unidos ganhará fácil por seus adversários (China, Itália, Lituânia, Nova Zelândia e França) para passar às quartas-de-final como o primeiro do grupo, já a caminho da medalha de ouro.
Essa tradição dos Estados Unidos no basquete, um esporte que nasceu naquele país, acompanha a história dos Jogos Olímpicos. Em 12 edições, desde 1936, os norte-americanos venceram 9. Só perderam a medalha de ouro, na decisão, para a então União Soviética, em 1972. Em 1980, não participaram dos Jogos de Moscou por causa da decisão política dos EUA de boicotar a competição. Mas em 1988, ficaram apenas com o bronze, com um time de universitários, medalha que foi considera um desastre para o esporte. A partir daí, foram muitas as pressões sobre a Federação Internacional de Basquete (Fiba) que, em 17 de abril de 1989, votou pela inclusão dos profissionais na Olimpíada.
A tradição somou-se ao talento dos milionários jogadores da NBA e agora, os Estados Unidos são imbatíveis no basquete olímpico. Desde então, os profissionais da Liga norte-americana venceram os 40 jogos consecutivos que disputaram em competições da Fiba.
O técnico Rudy Tomjanovich, do Houston Rockets, que está no comando da seleção, informou que o time está treinando desde o dia 31 de agosto. Fez amistosos em Honolulu, no Havaí, em Saltama, no Japão, e em Melbourne, já na Austrália, antes de chegar a Sydney.