Sydney - Com quase 1,90 metro, muita alegria e disposição, Julie Purgly se destaca em meio à equipe que assessora os cavaleiros da equipe olímpica do Brasil como a única tratadora dos animais. "Todos os outros são homens", conta. "Casos como o meu são raros no Brasil mas comuns na Europa, onde as mulheres encaram com naturalidade um trabalho mais rústico." Julie teve em casa o exemplo. O pai é húngaro e a mãe inglesa e ambos sempre trabalharam com montarias e a tratadora logo aprendeu a montar.
"No começo, meu pai também achava estranho que mulheres lidassem com cavalos, mas depois ele acabou entendendo que isso era normal no lugar de onde ela veio." No Brasil, Julie é treinadora de Roberto de Macedo e juíza de competições do Concurso Completo de Equitação (CCE). Com a limitação de credenciais para a comissão técnica dos cavaleiros, ela não se importou em trabalhar como tratadora do cavalo Fricote, para poder realizar o sonho de ver uma Olimpíada de perto e acompanhar o seu aluno.
Se o preconceito acabou em casa, fora dela ainda é difícil de ser vencido. "Ainda existe bastante. Tanto entre os tratadores que nunca saíram do País quanto os próprios cavaleiros", afirma. Julie afirma que está derrubando as barreiras aos poucos e aumentando a receptividade das mulheres no tipo de trabalho que exerce.
Dia dois - Neste sábado, a equipe de CCE deve disputar o segundo dia da prova de adestramento. Nos próximos dois dias, o grupo disputará a prova de cross country, que é considerado o ponto forte dos cavaleiros brasileiros, todos com formação no hipismo rural. Na equipe de saltos, Rodrigo Pessoa e Luiz Felipe Azevedo fizeram treino leve, enquanto Álvaro Affonso de Miranda Neto, o Doda, preferiu poupar seu cavalo, que havia sido muito exigido no dia anterior. Jorge Ferreira da Rocha, do adestramento, também não treinou, mas seu cavalo, Quixote Lanciano, participou de atividades orientadas pela treinadora Marietta Almasy.